sexta-feira, 26 de julho de 2013

Vila S. Tereza: 'A situação é crítica, mas vamos superar', diz nova presidenta

Vila S. Tereza: 'A situação é crítica, mas vamos superar', diz nova presidenta

Rute Maria admite forte decepção no último Carnaval, analisa gestão anterior e pede apoio da comunidade para próximo ano

RAFAEL ARANTES
Rio - Um desafio fora do normal. Após o caótico Carnaval da Vila de Santa Tereza neste ano, quando entrou na Sapucaí com grande parte de seus integrantes com fantasias incompletas, a missão da escola é conseguir se reestruturar. Agora sob a administração da presidenta Rute Maria, a Azul e Branca precisa mostrar ao espetáculo carioca que o desfile de 2013 não representa o que realmente é a escola. Longe da Sapucaí em 2014, quando desfilará na Av. Intendente Magalhães, pelo Grupo B, a agremiação vai apostar na força de sua comunidade para dar a volta por cima e deixar para trás todos os problemas do último ano.
Rute Maria é a nova presidenta da Vila de Santa Tereza
Foto:  Divulgação
Em entrevista ao  DIA na Folia , a presidenta Rute não se limitou a poucas palavras sobre todas as questões que envolveram e ainda envolvem a escola. Ainda se deparando com as consequências do traumático desfile de 2013, a mandatária afirma que o processo atual é de reestruturação e que um de seus grandes objetivos é fazer da atual gestão algo totalmente diferente da antiga, a qual afirma "não ter sido muito transparente".
"Inicialmente eu não cogitava me candidatar, mas o empurrão de tudo isso foi realmente este último desfile. Tudo o que aconteceu gerou um grande impacto. Começamos a ver que se as coisas continuassem do jeito que estavam nossa agremiação ia acabar", afirmou Rute.
Em busca da retomada dos trabalhos e de reconquistar a confiança e a credibilidade com todo o mundo do samba, a Vila de Santa Tereza já iniciou seus trabalhos e agora corre contra o tempo para encontrar novas parcerias e anunciar, em breve, o enredo para o Carnaval de 2014. 

Confira, na íntegra, a entrevista com a presidenta Rute Maria:
O DIA NA FOLIA: Como está sendo esta missão de reestruturar a escola?
Rute Maria: Olha, a situação é crítica. Será um trabalho bem árduo, estamos zerados e nos esforçando para começar tudo novamente. Hoje estamos até mesmo sem material, sem nada. Nós vamos trabalhar muito em cima de um geral, já estamos com uma boa programação de eventos e em breve abriremos uma auditoria para pedir prestação de contas do passado. Queremos saber tudo o que foi gasto, saber o que realmente está em aberto. Vai ser difícil colocar o Carnaval na rua, mas vamos correr atrás de todos os modos.
Como as coisas aconteciam na antiga gestão? Era um clima tranquilo?
A administração anterior não era uma coisa muito transparente. Existiam reuniões, fechávamos alguns assuntos e depois tudo aparecia diferente. Estamos tentando fazer as coisas da maneira mais democrática possível, escutando a opinião de todos e no final chegando a um grande consenso. Tudo que entrar e que for gasto estará anotado lá no mural, tudo certinho. Queremos deixar tudo às claras.
Como você se sentiu no momento do desfile deste ano?
Antes de sair da quadra eu sabia que estavam acontecendo algumas coisas erradas, mas não tinha a noção que era uma coisa tão grandiosa como foi. Para falar a verdade, eu nem consegui desfilar. Não tive condições físicas nem psicológicas. Quando vi a bateria reunida e sem fantasia com o meste Dó arrasado fiquei muito triste. Foi uma sensação de impotência, vi tudo indo para o ralo. Não sei explicar, foi uma coisa muito ruim, triste demais. Eu ia no barracão, via tudo acontecendo e, de repente, as coisas estavam naquele estado. Foi uma decepção muito grande.
Trauma na Sapucaí: Integrantes da Vila de Santa Tereza desfilaram sem fantasias completas em 2013
Foto:  Alexandre Brum / Agência O Dia
E qual foi a posição da antiga gestão após o tão polêmico desfile?
O antigo presidente diz que esteve na Sapucaí antes do desfile, mas eu não vi. Se eu afirmar que isso é verdade será uma mentira, pois não estive presente nessa hora. Ninguém conseguia fazer contato com ele depois do Carnaval, nem pelo telefone, nem nada. Existiu uma reunião, muito tempo depois do desfile. Já era início de abril quando houve esse encontro conosco para tentar falar sobre tudo. Ele tentou se explicar, mas para mim, sinceramente, as explicações dele não tiveram valia nenhuma. O Carnaval foi em fevereiro e ele apareceu mais de um mês depois...
E até que ponto o fato ainda atrapalha a agremiação?
Olha, isso atingiu a escola da pior forma possível. Algumas pessoas, as mais próximas, até mesmo da comunidade, se decepcionaram demais. Nossa credibilidade foi para zero. Algumas coisas que a escola havia conseguido já não estão mais tão presentes, as pessoas estão com receio de voltar para cá. Estamos começando todo um namoro novamente, está sendo muito complicado.
Sua diretoria já definiu qual o objetivo principal para o próximo ano?
É um trabalho muito complicado, a situação foi tão assustadora que ficamos até um pouco sem um grande foco. Mas agora temos que buscar a nossa credibilidade novamente. Além dos eventos, estamos correndo atrás de patrocínio. Nossa meta de trabalho é fazer o máximo possível para que as coisas possam dar certos. Pegamos a escola numa condição muito ruim e temos o objetivo de fazer um giro capital para poder alavancar nossa situação novamente. Esperamos também que a comunidade venha para a escola e ajude a gente.
Nova gestão espera apoio da comunidade para dar a volta por cima no Carnaval
Foto:  Divulgação
O que vocês acham mais necessário nesse momento de reconstrução da escola?
Existe uma administração, mas a escola é comunidade. Graças a Deus a nosso povo está voltando à abraçar a gente. Muitos que se afastaram estão retornando e fazendo até parte da nova diretoria. Acho que nossa gente está confiando, todos estão com a maior força de vontade para ajudar colocar o Carnaval na rua. Hoje nosso lema diz representa isso tudo. 'Vila de Santa Tereza é a força de sua comunidade'.
E o que você tem a dizer para toda a comunidade da Vila de Santa Tereza?
Gente, estamos e vamos fazer de tudo para a nossa escola voltar ao lugar que é merecido. É uma agremiação que fará 57 anos em dezembro e muita gente não reconhece isso. Nosso trabalho com a escola é fazer com que ela brigue, fazer o melhor para o conjunto dela. As portas estão abertas para a comunidade, o Vila de Santa Tereza é da comunidade. Espero que vocês venham engrandecer a nossa casa. Queremos fazer tudo da melhor maneira possível.


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