sábado, 24 de agosto de 2013

Leda Nagle: Por quê?

Leda Nagle: Por quê?

É justo querer uma cidade limpa. É boa a iniciativa de limpar a cidade. Mas qual foi a campanha para educar a população?

O DIA
Rio - Numa coisa a Prefeitura do Rio é imbatível: fazer dinheiro. A indústria da multa é das melhores coisas desta cidade. A última novidade é a multa pelo lixo. É justo querer uma cidade limpa. É boa a iniciativa de limpar a cidade. Mas qual foi mesmo a campanha para educar a população? Qual foi a tentativa de mudar a cultura de jogar tudo na rua? Nada. Nenhuma. A ideia é sempre a mesma: arrecadar mais e mais dinheiro. Como sempre, a contrapartida é zero. As lixeiras são poucas, vivem entupidas, derramando lixo, são pequenas para as necessidades da cidade, são muito distantes umas das outras e não ajudam em nada a beleza do Rio, nem a vida do cidadão. Se eu entendi bem, de vez em quando, no horário comercial, hoje no Centro, amanhã em Ipanema, quem sabe um dia em Madureira ou Del Castilho, alguns guardas municipais vão multar cidadãos distraídos, que deixarem cair no chão principalmente as guimbas dos seus cigarros.
Como aviso à população, na TV, a atriz famosa joga o lixo numa lixeira especialmente montada para fazer o filme, com o apoio de um evento de rock, num oferecimento de uma cerveja cara. Sou contra jogar lixo na rua. Acho bacana viver numa cidade limpa. Só não entendo por que não se faz a coisa certa criando um compromisso real, de todos, para com a limpeza...
Também não entendo outra coisa: por que toda a gente que circula pela cidade tem sempre que levar um susto, se quiser ir a um show, ao teatro ou jantar e voltar pra casa após as 23h? Por que ninguém pode sinalizar quais são os túneis e viadutos que estão interditados naquela noite ou naquela madrugada? Quem impede de colocar painéis móveis na Lagoa, em Copacabana, ou Ipanema, ou Botafogo avisando quais são os roteiros liberados? É preciso chegar à entrada do Rebouças, da Autoestrada Lagoa-Barra ou na Gávea pra descobrir que, hoje, é proibido passar? Não faz o menor sentido. 
O Rio vive um engarrafamento noturno que dá medo e custa caro à população. Será que não tem uma única autoridade nesta cidade, um único assessor do prefeito que possa contar pra ele que os engarrafamentos por conta do necessário fechamento do Elevado do Joá fazem da vida das pessoas que ousam sair de casa à noite um inferno? Na Estrada do Joá, ônibus enormes simplesmente não conseguem fazer as curvas, e os carros ficam se espremendo pelos cantos para que todos circulem sem acidentes.
Engarrafamento de madrugada é fato, para chegar ou sair da Barra, Jacarepaguá ou São Conrado. Não há iluminação, sinalização nem operadores do trânsito. Só o caos. Por quê?
Leda Nagle é jornalista, escritora e apresenta na TV o ‘Sem Censura’ | E-mail: comcerteza@odia.com.br

    Tags: Leda Nagle , colunista

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