Rio -  Embora o assunto não seja muito discutido, sabe-se que o número de crianças e adolescentes, principalmente do sexo masculino, que acessa pornografia via web vem crescendo a cada dia. A prática — fruto da facilidade de se conectar à internet e, muitas vezes, da falta de supervisão dos pais e ou responsáveis — é muito mais comum do que se pensa.
Estudo publicado pela universidade de Plymouth, no Reino Unido, no fim do ano passado, revelou que jovens — com idades entre 16 e 24 anos — estão se viciando em pornografia na rede desde os 11 anos. E o mais preocupante: de cada três entrevistados, um admitiu que a pornografia afeta os relacionamentos amorosos.
De acordo com os adolescentes, as cenas passam expectativas irreais sobre o sexo, padronizando gostos, atitudes, preferências e modelos de perfeição e virilidade. Osvídeos criam, quase sempre, visões distorcidas do papel e do relacionamento de homens e mulheres, o que provoca, segundo os entrevistados, angústias, decepções e muita, muita ansiedade.
O relato dos jovens é bastante expressivo e claro: a pornografia está ocupando o papel da educadora sexual das atuais gerações. O que era tabu nas conversas entre pais e filhos parece que continua a ser, não mais por vergonha, mas, talvez, porque se acredite que tudo já foi dito, debatido e entendido, tamanha a banalização do sexo em nossa sociedade.
No contexto em que vivemos, talvez se faça mais ainda necessário o diálogo entre pais efilhos. É claro: diálogo sem atropelo, mas à medida que as dúvidas e os interesses de meninos e meninas se evidenciem. Ser indiferente a esta questão, colocada pelos próprios adolescentes, é ignorar o dever que os pais têm de ajudar e orientar seus filhos num tema tão delicado e importante.
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia