Ex-procurador acusado de vazar dados em investigação
Relatório aponta que MP informou a deputado sobre apuração de fraude em Manguinhos
POR ADRIANA CRUZ

Eduardo Cunha, segundo o relatório, teria parado de usar linha de telefone, após reunião no gabinete do MP | Foto: ABr
LIGAÇÕES INTERROMPIDAS
O procurador levantou a suspeita de o vazamento ter sido feito pela Polícia Civil. “Não sou leviano, mas é uma possibilidade”, afirmou. Acredita que oportunistas podem ter se aproveitado do momento em que o inquérito foi encaminhado ao promotor David Farias. David não se pronunciou.
O relatório tem data de 15 de outubro de 2010, destinado à 20ª Vara Criminal, com carimbo da delegada Valéria Aragão e suposta assinatura dela, à época na Fazendária. “Não fiz relatório de inteligência. Desconheço o documento”, alegou a delegada. A juíza Maria Eliza Peixoto Lubanco não falou sobre o caso. Ontem, em sua página na internet, Cunha alegou que seu nome não era mencionado na investigação. A chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, requisitou que Ângelo Ribeiro, da Delegacia Fazendária, investigue a veracidade do relatório.
Denúncia no MP Federal há um mês
O procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, informou ontem que há um mês, quando tomou conhecimento sobre suposto vazamento de informação e escutas telefônicas do inquérito sobre a refinaria encaminhou o caso ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para a investigação dos fatos.
Em nota oficial, o chefe do Ministério Público ressaltou ainda que “como as notícias envolvem, além do ex-chefe do MP no Rio, um deputado federal, a atribuição para a apuração desse caso é do Supremo Tribunal Federal, através do procurador-geral da República”, explicou trecho da nota.
Investigação foi iniciada em 2009
A investigação da Fazendária começou em 2009 para apurar fraude tributária milionária na refinaria. Com a identificação do deputado Eduardo Cunha, o caso saiu da 20ª Vara Criminal e foi para Supremo Tribunal Federal.
No ano passado, o governador Sérgio Cabral decidiu desapropriar a refinaria. Cobrava R$ 675 milhões de ICMS.
Lopes: “Honra é algo muito sério. Tudo isso parece uma grande armação”
O ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes faz questão de ressaltar que no passado foi procurado por Eduardo Cunha sobre investigação de uso de documento falso no Tribunal de Contas do Estado. Em 2002, o TCE investigava possíveis irregularidades em licitação da Companhia de Habitação Fluminense (Cehab), que foi presidida por Cunha entre 1999 e 2000.
“O problema envolvia o procurador Fishberg, que, posteriormente, remeteu peças ao Supremo que, pelo visto, resultou em recente ação penal contra o deputado”, disse. Lopes se referia a Elio Fischberg. No ano passado, o Tribunal de Justiça o condenou por falsificação de documento público e à perda do cargo. “Jamais daria informações sigilosas a ninguém. Não sou louco!”, esbravejou Cláudio Lopes.
Ele ressaltou que tem 25 anos de Ministério Público e foi procurador-geral duas vezes. “Honra é algo muito sério. Tudo isso parece uma grande armação. Vou tomar providências na esfera cível e criminal”, anunciou Lopes.
Relatório detalha a mudança de postura dos investigados
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