Rio -  Por onde passa, ele chama a atenção. Simpático, tira fotos, dá entrevistas, sorri. Taxista há 26 anos, Breno Miller virou celebridade no Aeroporto Santos Dummont desde o fim de março, quando passou a dirigir o primeiro carro 100% elétrico disponível no Brasil. Orgulhoso, diz que o veículo é o sonho de qualquer motorista: “Não gasta gasolina, não faz barulho e não polui o ambiente.”
Além de limpo, o automóvel é composto de 90% de material reciclado, que vai desdebancos e peças de plástico de antigos automóveis até fibras de garrafas PET.
Foto: Arte: O Dia
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Quando descartada, a bateria vai para aparelhos menores, como celulares. E as luzes internas, faróis e rádio são alimentados por energia solar. O carro atinge uma velocidade de 145 km/h e tem autonomia de 160 km. Com a bateria cheia, ele roda de 6 a 8 horas. “Vai quebrar todo um paradigma na classificação atual de carro”, encantou-se a passageira Simone Rocha, que pegou o táxi na semana passada.
A recarga da bateria leva 8 horas para ser completada por tomada convencional, ou 30 minutos através de postos de recarga da Petrobras na Lagoa ou na Barra. Segundo a Nissan, o baixo custo da energia elétrica faz o motorista respirar aliviado. Rodando 6 horas por dia, o custo do etanol é 300% maior do que o da eletricidade. A gasolina é ainda mais cara: 320% a mais pela mesma quilometragem.
Mas é preciso sorte para dar um passeio, pois são apenas dois táxis verdes circulando pela cidade. Até o final do ano, no entanto, 13 outros veículos serão agregados à frota. O projeto é um acordo entre a Prefeitura do Rio, a Petrobras e a Nissan para incentivar o uso de tecnologias limpas e de baixa emissão de carbono.

AMIGOS DO RIO
“Até 2016, a prefeitura irá reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 16%, considerando as emissões de 2005”, afirma Carlos Roberto Osório, secretário municipal dos Transportes. “A expectativa é induzir outras empresas a fabricarem carros elétricos, aumentando a frota de emissão zero”.
Responsáveis pelo test drive, os 15 motoristas dos táxis elétricos passaram por uma seleção rigorosa. Além de cadastrados na Secretaria Municipal dos Transportes, eles devem dominar uma língua estrangeira, ser agradáveis com os passageiros e não ter recebido multas.
Autodenominado ‘embaixador do Rio’, Breno fica feliz em passar uma boa impressão, tanto para quem visita quanto para quem vive na cidade. “Sinto que meu trabalho é reconhecido”, diz.
Veículos: 77% da poluição
Nada menos do que 77% das emissões de gases poluentes na Região Metropolitana do Rio de Janeiro provêm de veículos automotores, de acordo com Mariana Palagano, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Além disso, relatório do Detran mostra que cerca de 225 mil novos veículos são inseridos anualmente no Estado do Rio — aumento de 5,1%.
Apesar do intenso fluxo de automóveis, Mariana garante que, no Rio, a qualidade do ar está sob controle, já que “o contato com o mar facilita a dispersão dos gases”. Mesmo assim, a bióloga alerta: “Seja qual for o meio de emissão, trabalharemos e proporemos normas para impedir que a saúde da população seja afetada”.
A implantação da frota de táxis elétricos faz parte de uma série de medidas da Prefeitura do Rio para a redução das emissõe de gases estufa na cidade.