terça-feira, 28 de maio de 2013

Cirurgias devolvem movimentos e alegria a crianças

Cirurgias devolvem movimentos e alegria a crianças

Mutirão realizado pelo Into vai operar vinte pequenos pacientes que sofreram lesões nos ombros e braços durante partos difíceis

O DIA
Rio - Um mutirão cirúrgico no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) vai garantir um final feliz para o sofrimento de mais de 20 crianças que tiveram lesões ao nascer — seja por dificuldades no parto, seja por imperícia médica. A ação, que começou ontem e vai até amanhã, permitirá que os pequenos consigam recuperar movimentos e sensibilidade nos braços. As operações são totalmente gratuitas.
Os pacientes, na maioria bebês, sofrem de paralisia no plexo-braquial — “um conjunto de nervos da região do pescoço, clavícula e axila, responsável pelo movimento do ombro, braço, antebraço e mão”, explica Pedro Bijos, chefe do Centro de Microcirurgia Reconstrutiva do Into. Segundo o médico, a operação deve ser realizada até seis meses após o parto.
Thamires, 8, fez a primeira cirurgia aos 6 meses. Hoje, vai ser operada de novo para corrigir problema no braço
Foto:  José Pedro Monteiro / Agência O Dia
“É um processo longo, mas as crianças têm uma recuperação rápida”, ressalta. Bijos diz ainda que, caso não seja feita a cirurgia, os nervos podem ser comprometidos permanentemente.
Realizar uma primeira cirurgia aos 3 meses foi fundamental para que Jamile Alves Santana, 1 ano, pudesse mexer o braço esquerdo. Ela vai passar por nova operação amanhã, para conseguir realizar movimentos ainda mais amplos.
A mãe, Ana Beatriz Tomé, 19, percebeu que o braço da filha era mole assim que ela nasceu, no Hospital Municipal Alexander Fleming, em Marechal Hermes. Mas, segundo ela, os médicos de lá alegaram que o movimento voltaria naturalmente. “Eles me deixaram sem orientação”, conta ela, que soube do Into através de uma amiga. “Agora Jamile consegue agarrar coisas”, diz, orgulhosa.
Paula levou o filho, Nicolas, 9 meses, para ser operado
Foto:  José Pedro Monteiro / Agência O Dia
Assim como Ana Beatriz, muitas famílias desconhecem a paralisia plexo-braquial e não procuram ajuda, o que acaba agravando o problema dos filhos. O Into é o único hospital público do Rio que realiza a cirurgia. Interessados devem procurar o Centro de Microcirurgia Reconstrutiva para avaliação, na Avenida Brasil 500, São Cristóvão.
Muitos casos podem ser de erros médicos
Boa parte das lesões no plexo-braquial podem ter ocorrido por erros médicos. E muitas mães alegam que não foram devidamente orientadas porque as maternidades não queriam admitir o problema.
É a situação da dona de casa Carla Oliveira, 31, que teve duas filhas com paralisia plexo-braquial no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios. “Os médicos puxavam o bebê com força para sair e empurravam minha barriga. Isso deve ter afetado a criança”. Thamires Oliveira, 8 anos, será operada no Into hoje.
Bebê não sente o braço esquerdo
Quem olha para as bochechas de Nicolas dos Santos Oliveira, 9 meses, nem imagina que ele não movimenta nem sente o braço esquerdo. A mãe, Paula Oliveira Demétrio, 18 anos, conta que a deficiência é resultado de trauma no parto, na Casa de Saúde Bom Pastor — maternidade que atende pacientes do SUS em Queimados.
“O neném nasceu desacordado. Depois, os médicos disseram que ele estava cansado e por isso não mexia o braço esquerdo”, diz a mãe. Nicolas vai fazer sua primeira cirurgia hoje.


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