Leda Nagle: Rio: Lindo e difícil
Os serviços, de modo geral, parecem brincadeira de criança birrenta. Marcaram a entrega. Entregaram? Claro que não
Rio - O Rio de Janeiro é uma cidade linda. Ou melhor, é um lugar lindo. Geograficamente lindo. De uma beleza única. Mas, como nada na vida é só beleza, a questão é: como viver, sobreviver na vida real no Rio de Janeiro? No dia a dia, todo mundo aqui sofre para tudo. E paga muito caro por isto. Para chegar ao trabalho, ao supermercado, à ginástica e para chegar em casa, depois do trabalho.
Toda a gente engarrafada, espremida, imprensada, estressada. Todo mundo esperando a sexta-feira, o fim de semana, o sol, o verão, a hora de ser feliz. E aí? No domingo o inferno termina? Não. Apenas é outro inferno. É uma luta para achar um ônibus, é uma guerra para achar um táxi. É de novo um tormento para chegar ao cinema, ao shopping, à praia. E tudo se repete na hora de voltar para casa, depois da diversão ou da devoção. A cidade não está preparada para o dia a dia do trabalho nem para a diversão mais simples ou mais sofisticada. Esta cidade não dá sinais de que pode realizar grandes eventos. Todo evento piora a vida da gente. Esta cidade não tem noção do que é prestação de serviço, eficiência ou competência. Mente quem diz que o Rio está preparado para os grandes eventos. Mente quem diz que o Rio de Janeiro é uma cidade que tem serviços.
O Rio está entregue à ineficiência pública e privada e a Deus, que certamente não pode se ocupar deste cotidiano mequetrefe. Domingo, por exemplo, não é dia de táxi. No Leblon, o bairro mais caro do Rio, as ruas têm de tudo: bicicleta, moto e até carros na contramão. É gente de bicicleta segurando cerca de 20 cadeiras de praia na garupa, sem proteção nem amarração. Guardas municipais? Operadores de trânsito? Ninguém. É domingo. Na porta do Shopping Leblon, o segurança/recepcionista organiza a fila, à espera do táxi. São mais de 50 pessoas esperando por um, às sete da noite.
De vez em quando, para um carro. Quando consigo um deles, o taxista diz, com um sorriso maroto, bem carioca: — Domingo de sol é assim mesmo. Todo mundo quer sair de casa, e os taxistas aproveitam para sair do Rio e descansar fora da cidade. Mas não são só os taxistas que não aparecem. Os serviços, de modo geral, parecem brincadeira de criança birrenta. Comprou material de construção, pagou caro pelo frete de entrega? Recebeu na data? Claro que não. Comprou um eletrodoméstico pela internet? Marcaram a entrega, com dia e hora. Entregaram? Claro que não. Choveu? Piorou. Aí é que nada dá certo mesmo. Pode esquecer. Ninguém chega na hora. O trânsito não se move. Falta luz em muitos pontos da cidade. Mas o Rio é lindo. Com sol fica melhor. Ou menos difícil?
E-mail: comcerteza@odia.com.br
Toda a gente engarrafada, espremida, imprensada, estressada. Todo mundo esperando a sexta-feira, o fim de semana, o sol, o verão, a hora de ser feliz. E aí? No domingo o inferno termina? Não. Apenas é outro inferno. É uma luta para achar um ônibus, é uma guerra para achar um táxi. É de novo um tormento para chegar ao cinema, ao shopping, à praia. E tudo se repete na hora de voltar para casa, depois da diversão ou da devoção. A cidade não está preparada para o dia a dia do trabalho nem para a diversão mais simples ou mais sofisticada. Esta cidade não dá sinais de que pode realizar grandes eventos. Todo evento piora a vida da gente. Esta cidade não tem noção do que é prestação de serviço, eficiência ou competência. Mente quem diz que o Rio está preparado para os grandes eventos. Mente quem diz que o Rio de Janeiro é uma cidade que tem serviços.
O Rio está entregue à ineficiência pública e privada e a Deus, que certamente não pode se ocupar deste cotidiano mequetrefe. Domingo, por exemplo, não é dia de táxi. No Leblon, o bairro mais caro do Rio, as ruas têm de tudo: bicicleta, moto e até carros na contramão. É gente de bicicleta segurando cerca de 20 cadeiras de praia na garupa, sem proteção nem amarração. Guardas municipais? Operadores de trânsito? Ninguém. É domingo. Na porta do Shopping Leblon, o segurança/recepcionista organiza a fila, à espera do táxi. São mais de 50 pessoas esperando por um, às sete da noite.
De vez em quando, para um carro. Quando consigo um deles, o taxista diz, com um sorriso maroto, bem carioca: — Domingo de sol é assim mesmo. Todo mundo quer sair de casa, e os taxistas aproveitam para sair do Rio e descansar fora da cidade. Mas não são só os taxistas que não aparecem. Os serviços, de modo geral, parecem brincadeira de criança birrenta. Comprou material de construção, pagou caro pelo frete de entrega? Recebeu na data? Claro que não. Comprou um eletrodoméstico pela internet? Marcaram a entrega, com dia e hora. Entregaram? Claro que não. Choveu? Piorou. Aí é que nada dá certo mesmo. Pode esquecer. Ninguém chega na hora. O trânsito não se move. Falta luz em muitos pontos da cidade. Mas o Rio é lindo. Com sol fica melhor. Ou menos difícil?
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