sábado, 21 de setembro de 2013

Morte de PM do Bope deve antecipar UPP

Morte de PM do Bope deve antecipar UPP

Pacificação pode chegar mais cedo ao Lins após confronto que vitimou subtenente na Covanca

VANIA CUNHA
Rio - A morte de um subtenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) pode apressar os planos para a ocupação do Complexo do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte. Segundo a polícia, de lá partiu o bando de 60 criminosos que acampou na Covanca, em Jacarepaguá, aos pés do Maciço da Tijuca, e travou o confronto que ainda deixou outros dois PMs da tropa de elite feridos, nesta sexta-feira de manhã.
Trezentos policiais ocuparam quatro comunidades da região entre o Lins e Jacarepaguá por tempo indeterminado. O subtenente Marco Antônio Gripp, 47 anos, usava a farda preta havia 11 anos e era considerados um dos policiais mais capacitados do Bope. O setor de Inteligência do Bope já vinha há algum tempo monitorando a ação dos criminosos da região. Segundo os policiais, o grupo era liderado por Claudino dos Santos Coelho, o Russão, morto durante o confronto desta sexta.
Policiais da tropa de elite da PM deixam a comunidade da Covanca, em Jacarepaguá: ação teve três mortes, dois feridos e cinco suspeitos presos
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
Acusado de matar o jornalista Tim Lopes, em 2002, ele fugiu do presídio Vicente Piragibe em fevereiro do ano passado e se tornou o segundo na hierarquia do crime na Covanca, além de homem de confiança de Luís Cláudio Machado, o Marreta, um dos chefes do Comando Vermelho.
Para a polícia, Russão reuniu o bando — alguns deles seriam ex-militares com conhecimentos de sobrevivência na selva — e partiu para retomar a Covanca de facção rival. Montaram um acampamento na mata do Maciço da Tijuca e era dali que a quadrilha saía para promover assaltos nos bairros do Itanhangá, Méier e Tijuca.
Os criminosos ainda publicaram nas redes sociais fotos do grupo armado em campo de futebol usado para torturar desafetos. Nesta sexta, cães farejadores e helicópteros da PM ajudaram a vasculhar a mata. 
Subtenente Gripp, morto em confronto com bandidos nesta sexta-feira
Foto:  Reprodução Facebook
O subtenente Gripp foi baleado por volta de 6h30, na virilha, e morreu no local. Outros dois policiais feridos foram levados para o Hospital Salgado Filho, no Méier. Além de Russão, outro bandido, não identificado, morreu. Cinco criminosos foram presos e a polícia apreendeu armas, drogas e veículos.
Bom aluno e fã de motos
Considerado um dos mais capacitados policiais do Bope, o subtenente Gripp se formou em primeiro lugar na turma que deu origem ao Curso de Ações Táticas (CAT), a porta de entrada do Bope, em 1997. Antes, serviu na então Companhia de Cães e no batalhão de Friburgo, terra natal. Virou ‘caveira’ dos núcleos operacionais, mas entre uma missão e outra, fundou o Motoclube Ossos Secos, para reunir outros apaixonados por motos.
Policiais recolheram armamento, drogas e material do tráfico na Covanca
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
No Bope, passou pelas funções de chefe de equipes, negociador de reféns e assessoria de comunicação do batalhão, onde adquiriu experiência para lidar com moradores de comunidades. Segundo colegas, levava tanto jeito para a mediação de conflitos que passou a ser querido pelos moradores e até garoto-propaganda das ações sociais do Bope. Gripp deixou cinco filhos. O enterro será neste sábado em Friburgo.

    Tags: UPP , Bope

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