Frei Betto: Eleições 2014
O ‘golpe de mestre’ de Marina Silva ao aderir ao PSB de Eduardo Campos comprova que o Brasil necessita, urgente, de profunda reforma política
Rio - O ‘golpe de mestre’ de Marina Silva ao aderir ao PSB de Eduardo Campos comprova que o Brasil necessita, urgente, de profunda reforma política.
As manifestações de rua demonstram que expressiva parcela da população, sobretudo jovens, não confia em partidos. Estes se desgastaram devido à falta de fidelidade a seus princípios programáticos.
Na prática valem a fome de poder, o ‘toma lá, dá cá’, as alianças e coligações, ainda que espúrias e seladas pelo vil metal da corrupção. A eleição de 2014 está fadada a se reduzir a uma competição de ‘caciques’ políticos. As coligações partidárias, de olho em maior tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita, serão armadas à base de promessas na distribuição dos ministérios, caixa dois, loteamento de cargos e funções.
Como é difícil suscitar esperanças nos jovens, quando se constata que nenhum candidato coloca o projeto Brasil acima de seu projeto de poder! As opiniões dos marqueteiros terão sempre mais importância que as reivindicações dos eleitores.
Enquanto não se convoca Constituinte exclusiva para a reforma política, resta ao eleitor manifestar-se nas ruas e fazer de seu voto recurso de aposentadoria compulsória do caciquismo e promoção de candidatos que, comprovadamente, estão dispostos a quebrar o ferrenho tabu de que as estruturas brasileiras são intocáveis.
Como alertou Cazuza, nossas ilusões estão perdidas, nossos sonhos foram vendidos, e de nada vale ficar em cima do muro. Precisamos todos de uma ideologia que imprima sentido às nossas vidas e à nossa política. Caso contrário, seremos ludibriados pelo neoliberalismo, que busca fazer de todos nós consumistas, e não cidadãos, e pelos partidos que, como descreveu Lampedusa, pregam mudanças para que tudo permaneça como está.
Escritor, autor de ‘Fome de Deus’ (Paralela)
As manifestações de rua demonstram que expressiva parcela da população, sobretudo jovens, não confia em partidos. Estes se desgastaram devido à falta de fidelidade a seus princípios programáticos.
Na prática valem a fome de poder, o ‘toma lá, dá cá’, as alianças e coligações, ainda que espúrias e seladas pelo vil metal da corrupção. A eleição de 2014 está fadada a se reduzir a uma competição de ‘caciques’ políticos. As coligações partidárias, de olho em maior tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita, serão armadas à base de promessas na distribuição dos ministérios, caixa dois, loteamento de cargos e funções.
Como é difícil suscitar esperanças nos jovens, quando se constata que nenhum candidato coloca o projeto Brasil acima de seu projeto de poder! As opiniões dos marqueteiros terão sempre mais importância que as reivindicações dos eleitores.
Enquanto não se convoca Constituinte exclusiva para a reforma política, resta ao eleitor manifestar-se nas ruas e fazer de seu voto recurso de aposentadoria compulsória do caciquismo e promoção de candidatos que, comprovadamente, estão dispostos a quebrar o ferrenho tabu de que as estruturas brasileiras são intocáveis.
Como alertou Cazuza, nossas ilusões estão perdidas, nossos sonhos foram vendidos, e de nada vale ficar em cima do muro. Precisamos todos de uma ideologia que imprima sentido às nossas vidas e à nossa política. Caso contrário, seremos ludibriados pelo neoliberalismo, que busca fazer de todos nós consumistas, e não cidadãos, e pelos partidos que, como descreveu Lampedusa, pregam mudanças para que tudo permaneça como está.
Escritor, autor de ‘Fome de Deus’ (Paralela)
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