sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Polícia Civil vai investigar mortes na maternidade

Polícia Civil vai investigar mortes na maternidade

Delegada solicitará escalas de plantão dos dias em que mães de bebês mortos estiveram na unidade para que funcionários sejam intimados a prestar depoimento

O DIA
Rio - A Polícia Civil abriu inquérito para investigar as mortes de quatro bebês ocorridas nas últimas semanas na Maternidade Municipal Amélia Buarque de Hollanda, no Centro, como mostrou a edição desta quinta-feira do DIA . A delegada Karina Regufe, da 5ªDP, solicitará as escalas de plantão dos dias em que as mães estiveram na unidade para que os funcionários sejam intimados a prestar depoimento.
Ontem, quatro mães foram à delegacia e relataram a insistência dos funcionários em realizar parto normal, mesmo em casos onde o trabalho de parto chegou a durar 25 horas. Erros nos prontuários de atendimento também foram mostrados. A delegada solicitou à maternidade as documentações de mães e bebês para serem periciados. Os exames pré-natal já estão sendo analisados.
Na quarta, mãe de uma vítima quebrou vidros da fachada da maternidade. Nesta quinta, eles ainda estavam quebrados
Foto:  José Pedro Monteiro / Agência O Dia
Na quarta, Carla Marins, mãe de uma das vítimas, quebrou vidros da fachada da maternidade. Ela perdeu seu filho recém nascido na segunda-feira e se desesperou ao não receber seu prontuário de atendimento, que estaria em posse do diretor da unidade. Procurados, os funcionários da maternidade não quiseram se pronunciar.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que os prontuários de Carla “estão guardados na unidade, aos cuidados da Comissão de Óbitos”. O órgão disse também que possui comissões na unidade e na secretaria para investigar os óbitos dos bebes.
Ontem, a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro pediu ao Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) para investigar o caso. “O resultado das investigações da Cremerj poderão levar o caso a ser investigado pelo Ministério Público”, disse Marcelo Burlá, presidente da sociedade.
Pressão por parto normal vem da OMS
O Brasil é recordista quando o assunto é partos por cesárea. Entretanto, o procedimento é mais comum na rede privada. Dados do Ministério da Saúde indicam que 38% dos partos feitos no Sistema Único de Saúde são dessa forma. A Organização Mundial da Saúde recomenda que o máximo seja 15%.
Para Marcelo Burlá, o parto normal é recomendável, mas a OMS colocou uma “meta inalcançável”. “Existe uma pressão para realização de partos normais, mas isso traz insegurança para mãe e bebê. O parto precisa ser seguro”, argumentou o presidente da SGORJ.
Ele disse ainda que um parto de 25 horas é “inaceitável”. "É necessário uma ampla conversa com médicos e enfermeiros sobre o tema”, finalizou.
    Tags: Maternidade , Bebês

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