Agonia até o último suspiro
Estudante pediu socorro em quatro unidades de saúde até sofrer parada cardiorrespiratória
POR PALOMA SAVEDRA
Casada e com uma filha que completou 11 meses no dia da morte, a jovem poderia ter tido uma história diferente, não fosse o descaso e a falta de atendimento adequado.
A cabeleireira Valéria Nunes mostra fotos da família construída pela filha Andressa, que deixou viúvo e filha | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
“Ela estava inchada, no sábado, com dores no peito e pressão alta. E falaram que o quadro era fora de risco. Se eu tivesse com ela, não a deixaria ir embora. Isso foi negligência”, edenunciou a mãe da jovem, Valéria Nunes, 40.
Na segunda, ela foi ao Centro Municipal de Saúde Dr. Nagib Jorge Farah, no Jardim América. A pressão dela estava 16 por 11 e a aconselharam a procurar uma Emergência.
Na terça, foi ao PAM de Irajá, onde fez exames de urina e sangue. Até que às 3h de quarta, sentindo falta de ar, voltou à UPA da Penha, onde lhe medicaram anti-hipertensivo.
Ao chegar em casa, teve convulsão e foi levada pelos sogros ao PAM de Irajá. Com parada cardíaca, foi submetida a manobras de ressuscitação. Porém, após 1h40, sofreu outra parada e faleceu.
Sofrimento relembrado
Andressa morava com o marido Pedro Henrique Teixeira, 23, e a filha Júlia, de 11 meses. A mãe da jovem lamenta não ter estado lado a lado com Andressa nas últimas horas da vítima.
“Há quatro anos, minha outra filha, Carla Beatriz, hoje com 18, teve traumatismo craniano com perda de massa encefálica. Ficou largada no Getúlio Vargas, e eu movi céu e terra para que ela fosse atendida. Acompanhei desde o início o caso. Hoje, todos me conhecem lá”, contou Valéria.
Ela, porém, ressalta que o atendimento tem de ser igual a todos: “Se eu fosse lá com a Andressa, a atenderiam melhor. Mas não deveria ser assim”, disse ela, que procura forças para superar a perda da filha: “Tenho mais dois filhos e a minha netinha”.
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