Rio -  A Prefeitura de Niterói registrou este ano 1.633 casos de dengue. Com isso, sobe para 36 o número de cidades fluminenses atingidas pela epidemia da doença.

Todas registraram mais de 300 notificações para cada grupo de 100 mil habitantes. A região mais afetada é o Noroeste do Estado. A situação ainda deve piorar nas próximas semanas. Outros 28 municípios no Rio, incluindo a capital e nove cidades da Baixada Fluminense, estão em alerta.

Pelo menos dez pessoas podem ter morrido em decorrência da doença. Os óbitos estão sendo investigados pela Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
“Há outras doenças que apresentam queda de plaquetas como a dengue. Até agora nenhum óbito foi confirmado”, afirmou Alexandre Chieppe, superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES.

Segundo o órgão, de 1º de janeiro até 9 de março, foram notificados 41.409 casos de dengue no estado, 8 mil casos a mais do que o registrado no mesmo período de 2012.

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, anunciou um plano com medidas para combater a epidemia. Uma delas é contratação imediata de três veículos fumacê para circular nos bairros Engenho do Mato, Largo da Batalha e Santa Rosa, onde há maior infestação do mosquito Aedes aegypti.

“A gente colhe no verão o que deixa de plantar ao longo do ano", disse Neves, criticando o governo anterior.

Membro da Comissão de Saúde da Alerj, a deputada Janira Rocha (PSOL) cobrou mais ação do governo. “Jogam a culpa na população e não enfrentam o problema que está cada vez mais grave”.

População da Zona Sul, Tijuca e Barra precisa ficar atenta com o mosquito

Moradores da Zona Sul, Tijuca e Barra da Tijuca devem ficar atentos à proliferação do Aedes aegypti. Os bairros são mais vulneráveis à dengue pois não foram afetados no ano passado.

“A chuva e calor geram novos criadouros. É importante que cada um gaste 10 minutos por semana no combate ao mosquito. E, ao primeiro sintoma de febre e dores no corpo, deve procurar o serviço de saúde”, orienta o superintendente da secretaria de Saúde, Alexandre Chieppe.

A Secretaria de Saúde implantou, em parceria com as prefeituras, 46 Centros de Hidratação em 30 municípios. A lista dos locais, onde o paciente ingere líquidos e faz exame de sangue, pode ser consultada no site da secretaria (www.saude.rj.gov.br).

Mesmo com a UPA de Irajá com pouca fila, pacientes precisavam ter paciência para serem atendidos nesta sexta-feira. “Estamos esperando há mais de quatro horas”, disse o militar Anderson Souza, 23, ao lado da namorada Suelem Melo, 20.

Sintomas da doença e uma série de equívocos cercam morte de jovem

Tatiane da Conceição, de 19 anos, morava em Queimados, na Baixada Fluminense, e morreu nesta sexta-feira de manhã, no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas uma série de equívocos cerca o caso.

No sábado, a jovem começou a apresentar sintomas da dengue, como dores no corpo, febre e fraqueza. A mãe, Lusinete da Conceição, levou-a terça-feira a uma policlínica em Japeri. “O médico apenas receitou antibiótico e dipirona (analgésico), e disse que ela poderia ir para casa”.

A dipirona não deve ser receitada em caso de suspeita de dengue. Na quarta-feira, a mãe levou Tatiane à UPA de Queimados. O exame revelou que o número de plaquetas no sangue era de apenas 9 mil, quando o normal seria 142 mil.
Lusinete da Conceição, mãe da jovem Tatiane, de 19 anos, que morreu ontem com suspeita de dengue em Nova Iguaçu: atendimento médico em Japeri pode ter sido equivocado | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
Lusinete da Conceição, mãe da jovem Tatiane, de 19 anos, que morreu ontem com suspeita de dengue em Nova Iguaçu: atendimento médico em Japeri pode ter sido equivocado | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
A jovem passou todo o dia na unidade, e o médico internou-a. Na troca de plantão, porém, outro médico receitou dipirona e disse que Tatiane deveria ir para casa.

Na manhã de quinta-feira, a jovem apresentava sangramento pela boca. Lusinete novamente levou a filha à UPA de Queimados. Ela teria de ser transferida para a Posse. Mas, quando a transferência aconteceu, já não havia tempo para mais nada.
Em nota, o hospital informou que a paciente chegou à unidade em estado gravíssimo e que seu quadro clínico era compatível com dengue hemorrágica.
Receituário recomenda uso de antibiótico e de dipirona para Tatiane | Foto: Reprodução
Receituário recomenda uso de antibiótico e de dipirona para Tatiane | Foto: Reprodução