Audiência homenageia sobrevivente da Casa da Morte
“Levava choques elétricos na cabeça, nos pés, nas mãos e nos seios. A certa altura, o Doutor Roberto [torturador] disse que eles não queriam mais informação alguma, estavam praticando o mais puro sadismo. Eu já havia sido condenada à morte e ele, Doutor Roberto, decidira que ela seria a mais lenta e cruel possível, tal ódio sentia pelos terroristas”, disse Inês em depoimento lido na ocasião e que faz parte do livro Luta, Substantivo Feminino.
Eleonora lembrou como a experiência da prisão marcou profundamente as mulheres que sofreram nos porões da repressão. “É importante reconhecer, nós temos força, mas muitas das nossas doenças são decorrentes do que passamos na cadeia. Por outro lado, a nossa força vem dela, a disciplina, a determinação e a nossa ética com a coisa pública”, acrescentou, pouco antes de encerrar sua participação.
Integrante da comissão estadual, Amélia Teles falou sobre as dificuldades das mulheres para superar as agressões sexuais a que foram submetidas pelos agentes da ditadura. “Faz 40 anos e eu falo com dificuldade [sobre isso]”, disse. “É um peso muito grande falar da violência sexual, você fica muito estigmatizada”.
Amélia contou que até o fato de ser mãe foi usado contra ela nas torturas em que exploravam o gênero da vítima para aumentar o sofrimento. Seus filhos pequenos foram levados para dentro da sala de tortura e viram seu corpo coberto de hematomas. Além disso, Amélia revelou fortes agressões sexuais que sofreu quando tinha 27 anos. “Em uma dessas sessões, um torturador da Operação Bandeirante, que tinha o nome de Mangabeira, se masturbava em cima do meu corpo quando eu estava amarrada na cadeira do dragão", contou.
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