Rio -  Investigados por suspeita de extorquir mototaxistas de uma comunidade de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onze policiais do 7º BPM (São Gonçalo) foram submetidos a Conselho Disciplinar da Polícia Militar na manhã desta quarta-feira. O procedimento vai analisar se os agentes devem ou não ser expulsos da corporação. A decisão foi publicada no boletim interno da PM de hoje, resultado de um Inquérito Policial Militar (IPM) que investigou a ação dos policiais durante cinco meses.
Ao final da investigação, 10 dos policiais foram indiciados por corrupção. Outro, foi preso em flagrante na última sexta-feira, acusado de comprar uma pistola israelense ilegal. No carro dele, agentes da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar da Corregedoria da PM encontraram, além da arma, 80 cápsulas de cocaína e material para endolação de entorpecentes.
PM é flagrado recebendo propina em São Gonçalo | Foto: Reprodução Vídeo
PM é flagrado recebendo propina em São Gonçalo | Foto: Reprodução Vídeo
A investigação começou após informações recebidas pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo próprio comandante do batalhão de São Gonçalo, que também ajudou com informações para as investigações. Os suspeitos - que integram o Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) e o setor de radiopatrulhamento da comunidade - foramfilmados durante cinco meses em diversas situações que, de acordo com o inquérito, confirmam as denúncias de corrupção.
Em um dos vídeos, um mototaxista recolhe dinheiro dos colegas que atuam no ponto da comunidade Jóquei. Em seguida, um policial fardado passa por ele e, depois de um aperto de mão, o agente sai com a mão no bolso, como se estivesse guardando algo. Em outra filmagem, um mototaxista coloca a mão pela grade do posto da PM para entregar alguma coisa. Segundo as investigações, um dos pilotos era sempre 'recrutado' a recolher e entregar a propina no DPO, mas também ocorria dos policiais irem ao ponto buscar o dinheiro, mesmo fardados e com viatura do batalhão.
Agentes cobravam R$ 10 por semana
O levantamento feito pela Corregedoria aponta ainda que os agentes envolvidos no esquema cobravam R$ 10 por semana de cada moto, independente do veículo estar em situação irregular ou não. Os mototaxistas que se recusassem a pagar eram ameaçados de terem as motos apreendidas em uma operação e serem proibidos de circular. A comunidade do Jóquei tem pelo menos 10 pontos diferentes com veículos que prestam esse tipo de serviço. Testemunhas ouvidas na investigação confirmaram as informações.
Em troca do pagamento, os policiais deixavam passar várias situações irregulares, como falta de documentos das motos ou dos pilotos. Até mesmo ilegalidades que colocavam em risco a vida das pessoas não eram combatidas pelos PMs: a investigação aponta que, pela comunidade, circulavam motos com mais de dois passageiros, inclusive crianças, sem capacete.
Além da submissão do Conselho Disciplinar, os policiais perderam a carteira funcional e têm o porte de arma suspenso. Os suspeitos foram afastados do serviço de rua até o final do procedimento. O inquérito vai ser enviado hoje para o Ministério Público Militar, junto com uma representação pela prisão dos policiais, feita pelo responsável pelo inquérito, coronel Welster Medeiros, alegando risco para as testemunhas. Caberá ao juiz militar a decisão pela prisão ou não.
Preso em Flagrante 
Preso semana passada, o soldado Pablo Moraes Bernardes já vinha sendo investigado no inquérito que apurava a corrupção. No entanto, antes que a apuração fosse concluída, ele foi flagrado em um dos vídeos feitos por equipes da Corregedoria e da 4ª DPJM pegando a arma israelense, de uso proibido. Nas imagens, três homens chegam em um Logan. Um deles entrega uma sacola plástica ao policial. A arma é analisada por outro homem, que a entrega a Pablo. Aparentando despreocupação, o PM coloca a pistola israelense no bolso da calça do uniforme. Ele foi autuado por tráfico e porte ilegal.