sábado, 31 de agosto de 2013

Jaguar: A revista do Velho Lobo

Jaguar: A revista do Velho Lobo

Ultimamente tenho pensado muito em Fausto Wolff

O DIA
Rio - Ultimamente tenho pensado muito em Fausto Wolff. Um grande brasileiro, que sabia tudo, menos ganhar dinheiro com seu imenso talento e cultura. Votei nele para deputado federal quando Brizola foi eleito governador. Foi derrotado pelo seu maior inimigo, ele mesmo. Acredite: ia aos chamados comícios em casa e acabava se irritando, depois de vários uísques, com seus possíveis eleitores, chamando-os de “semialfas”, termo inventado por ele, o mesmo que semianalfabetos. Que pena: teria feito um estrago na politicalha que assola Brasília.
Deixou também o projeto de uma revista que nunca foi feita, nem será, porque só seria possível dirigida por ele. Destaco alguns trechos. “Nome: se for boa não importa, pois logo o público o transforma num símbolo, desconectando do seu significado. Caso contrário, ninguém se chamaria Leitão ou Barata. Sugiro ‘Herodes’, ‘Contudo’, ‘Porém’, ‘Estapafúrdio’, o ‘Ganso Carioca’, ‘Contramão’ (...). Formato: fora dos padrões do mercado? A ideia não me parece boa (...). Uma vez que pretende contar (e vai) com os melhores jornalistas e artistas, não vale a pena arriscar este trunfo numa aventura. Periodicidade: semanal, mas só sairá depois que tivermos certeza (via publicidade) se podemos aguentar seis meses sem problemas. Sugiro formato padrão (tipo ‘Veja’, ‘Isto É’) com um papel melhor, como o da ‘The New Yorker’.
Entre 90 e 120 páginas. Proposta: uma revista inteligente mas com uma linguagem clara que pode ser lida por qualquer adolescente alfabetizado. Uma revista de oposição e crítica, sem que isso signifique uma linguagem vulgar ou pornográfica. A ideia é fazer com que pessoas ou instituições criticadas não possam reclamar pois foram esculhambadas com provas, estilo e inteligência. Basicamente a proposta é a seguinte: o cidadão lê a bobagem, hipocrisia, roubo, corrupção, fraude na grande imprensa e fica esperando para ver o que dirá a nossa revista. Público: os leitores do Rio se ressentem de uma revista carioca, que vista a camisa do Rio e seja o tambor cultural do país.
O leitor padrão da nossa revista tem 40 anos em média, nível universitário, boa base de informação e espírito crítico, enfim o que resta da burguesia pensante do país e que há anos vê frustrados seus anseios de cobrança e questionamento. Espaço: uma vez que as duas maiores revistas do país são paulistas e provincianas, vamos apresentar uma revista nacional, porém 100% carioca: bem-humorada, contundente, irônica e artística.” (Continua sábado que vem).
    Tags: Jaguar , colunista

    Nenhum comentário: