Professores estaduais e municipais decidem pela continuidade da greve
Em assembleia realizada no Clube Municipal, na Tijuca, profissionais optaram por manter a paralisação
Rio - Professores e profissionais das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro decidiram nesta sexta-feira manter a greve após a realização de duas assembleias. De manhã, cerca de oito mil profissionais da rede municipal se reuniram na Fundição Progresso, na Lapa, e, por pequena diferença de votos, optaram por manter a paralisação. De tarde, foi a vez de os profissionais da rede estadual tomarem a mesma decisão após assembleia realizada no Clube Municipal, na Tijuca. Os próximos encontros estão marcados para semana que vem.
Na assembleia dos profissionais municipais, foram necessárias quase três horas de depoimentos de educadores favoráveis à greve e outros que defendiam o fim da paralisação e o retorno imediato às salas de aula e ao estado de greve antes da votação. Após três tentativas de tomar uma decisão, os grevistas precisaram sair da Fundição Progresso, por terem passado do horário determinado para deixar a casa, e seguiram para a Praça dos Arcos.
Venceu a corrente que defende mais avanços em questões pedagógicas. Assim, a greve continua pelo menos até terça-feira, quando será realizada nova assembleia. Já no Clube Municipal, na Tijuca, a assembleia da rede estadual foi mais tranquila e durou menos de duas horas. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), cerca de dois mil professores e profissionais de escolas de mais de 40 cidades estiveram presentes ao encontro. Por unanimidade, eles mantiveram a greve.
“Estamos em uma curva crescente muito grande nesta greve estadual que começou, basicamente, na capital e no Grande Rio e hoje já está atingindo os municípios mais distantes”, comemorou Gesa Corrêa, uma das coordenadoras-gerais do Sepe.
Uma nova assembleia está marcada para quarta-feira, na escadaria da Alerj. Segundo Gesa, o número de participantes será ainda maior. “A expectativa é dobramos e chegarmos a quatro mil grevistas no próximo encontro. Cerca de 55% dos profissionais da Educação já aderiram ao movimento e este número vai crescer”. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, 330 mil alunos estão sem aulas.
Pais não têm com quem deixar os filhos
A greve obrigou pais e mães de alunos a conjugar permanentemente o verbo improvisar. Sem ter como deixar de trabalhar para cuidar das crianças ou sem poder pagar para que outra pessoa o faça, famílias estão se valendo principalmente de parentes para garantir que os filhos não fiquem sozinhos.
Para os que não possuem respaldo familiar, o jeito é “entregar a Deus”, como no caso da diarista Simone Dutra Polceno, mãe de Camila, 9 anos, que cursa o 4º ano na Escola Municipal Barão da Taquara. “Não tenho como faltar ao trabalho. Eu já pagava R$ 200 a uma vizinha para tomar conta da Camila à tarde. Não posso pagar mais um turno. Tenho que deixá-la em casa de manhã, e entregar a Deus”, resigna-se Simone, que mora em Caxias.
Após a votação que definiu a manutenção da greve, os profissionais de ensino do estado traçaram os próximos passos do movimento. Amanhã, às 10h, haverá panfletagem na Bienal do Livro. O objetivo é esclarecer a população sobre os motivos pelos quais a rede optou por manter a paralisação.
Na segunda e na terça-feira, professores vão rodar pelas escolas na tentativa de convencer outros colegas a aderirem ao movimento. Na quarta-feira, às 10h, haverá audiência com o governo do estado na Rua da Ajuda. De lá, os grevistas vão fazer uma passeata até a Alerj, onde haverá nova assembleia na escadaria a partir de 14h.
A escolha do local tem por objetivo pressionar os deputados a derrubarem o veto do governador Sérgio Cabral ao ao artigo do Projeto de Lei 2.200, que garante a matrícula de professor em apenas uma escola.
Além da derrubada do veto, o movimento reivindica reajuste salarial de 20% (este ano, o governo deu reajuste de apenas 8%), melhores condições de trabalho, e eleição direta para diretor de escola, entre outras exigências.
O atual piso salarial da categoria é de R$ 1.801, já contando com o aumento dado em 2013. Insatisfeitos, os professores estaduais pleiteiam um salário inicial de aproximadamente R$ 1.300.
“A greve tem que continuar. Estamos causando um desgaste tremendo no governo. Não é só por salário, é por uma condição de trabalho mais digna”, explicou Luciano Barbosa, professor de História da Escola Estadual Juarez Távora, de Nova Iguaçu.
Tarefa puxada para bisavó
A auxiliar de van Karine Santiago e a irmã Bruna, como grande parte dos pais, encontraram uma solução interna para o problema: a bisavó das crianças, Maria do Carmo, 76 anos, passou a tomar conta delas.
“Minha filha Karen tem 12 anos. Estuda o 7º ano na Escola Municipal Alencastro Guimarães, em Copacabana. Minha irmã tem dois: Milena, também com 12, e Lucas, de oito anos. Karen estuda de manhã e meus sobrinhos, à tarde. A bisa revezava: de manhã vigiava os filhos da minha irmã e, à tarde, olhava a Karen. Agora, ela tem que cuidar dos três o dia inteiro”, relata Karina.
Para ela, a greve tem motivos justos, mas prejudica os alunos: “Por um lado, concordo com o movimento dos professores, que também reivindicam melhorias para o ensino. Por outro, admito que a greve prejudica as criança. A Educação já é deficiente, e a paralisação só atrasa mais os estudantes. Sem contar os transtornos para a família”.
Na assembleia dos profissionais municipais, foram necessárias quase três horas de depoimentos de educadores favoráveis à greve e outros que defendiam o fim da paralisação e o retorno imediato às salas de aula e ao estado de greve antes da votação. Após três tentativas de tomar uma decisão, os grevistas precisaram sair da Fundição Progresso, por terem passado do horário determinado para deixar a casa, e seguiram para a Praça dos Arcos.
Venceu a corrente que defende mais avanços em questões pedagógicas. Assim, a greve continua pelo menos até terça-feira, quando será realizada nova assembleia. Já no Clube Municipal, na Tijuca, a assembleia da rede estadual foi mais tranquila e durou menos de duas horas. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), cerca de dois mil professores e profissionais de escolas de mais de 40 cidades estiveram presentes ao encontro. Por unanimidade, eles mantiveram a greve.
“Estamos em uma curva crescente muito grande nesta greve estadual que começou, basicamente, na capital e no Grande Rio e hoje já está atingindo os municípios mais distantes”, comemorou Gesa Corrêa, uma das coordenadoras-gerais do Sepe.
Uma nova assembleia está marcada para quarta-feira, na escadaria da Alerj. Segundo Gesa, o número de participantes será ainda maior. “A expectativa é dobramos e chegarmos a quatro mil grevistas no próximo encontro. Cerca de 55% dos profissionais da Educação já aderiram ao movimento e este número vai crescer”. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, 330 mil alunos estão sem aulas.
Pais não têm com quem deixar os filhos
A greve obrigou pais e mães de alunos a conjugar permanentemente o verbo improvisar. Sem ter como deixar de trabalhar para cuidar das crianças ou sem poder pagar para que outra pessoa o faça, famílias estão se valendo principalmente de parentes para garantir que os filhos não fiquem sozinhos.
Para os que não possuem respaldo familiar, o jeito é “entregar a Deus”, como no caso da diarista Simone Dutra Polceno, mãe de Camila, 9 anos, que cursa o 4º ano na Escola Municipal Barão da Taquara. “Não tenho como faltar ao trabalho. Eu já pagava R$ 200 a uma vizinha para tomar conta da Camila à tarde. Não posso pagar mais um turno. Tenho que deixá-la em casa de manhã, e entregar a Deus”, resigna-se Simone, que mora em Caxias.
Nos dois primeiros dias da greve, Simone faltou ao trabalho. “De um grupo de dez funcionárias, três faltaram pelo menos dois dias seguidos porque não tinham com quem deixar os filhos. Uma largou o emprego”, contou a chefe de Simone, Fernanda do Rosário, da empresa Diarista Express.
BIENAL DO LIVRO TERÁ PANFLETAGEM NO DOMINGOApós a votação que definiu a manutenção da greve, os profissionais de ensino do estado traçaram os próximos passos do movimento. Amanhã, às 10h, haverá panfletagem na Bienal do Livro. O objetivo é esclarecer a população sobre os motivos pelos quais a rede optou por manter a paralisação.
Na segunda e na terça-feira, professores vão rodar pelas escolas na tentativa de convencer outros colegas a aderirem ao movimento. Na quarta-feira, às 10h, haverá audiência com o governo do estado na Rua da Ajuda. De lá, os grevistas vão fazer uma passeata até a Alerj, onde haverá nova assembleia na escadaria a partir de 14h.
A escolha do local tem por objetivo pressionar os deputados a derrubarem o veto do governador Sérgio Cabral ao ao artigo do Projeto de Lei 2.200, que garante a matrícula de professor em apenas uma escola.
Além da derrubada do veto, o movimento reivindica reajuste salarial de 20% (este ano, o governo deu reajuste de apenas 8%), melhores condições de trabalho, e eleição direta para diretor de escola, entre outras exigências.
O atual piso salarial da categoria é de R$ 1.801, já contando com o aumento dado em 2013. Insatisfeitos, os professores estaduais pleiteiam um salário inicial de aproximadamente R$ 1.300.
“A greve tem que continuar. Estamos causando um desgaste tremendo no governo. Não é só por salário, é por uma condição de trabalho mais digna”, explicou Luciano Barbosa, professor de História da Escola Estadual Juarez Távora, de Nova Iguaçu.
Tarefa puxada para bisavó
A auxiliar de van Karine Santiago e a irmã Bruna, como grande parte dos pais, encontraram uma solução interna para o problema: a bisavó das crianças, Maria do Carmo, 76 anos, passou a tomar conta delas.
“Minha filha Karen tem 12 anos. Estuda o 7º ano na Escola Municipal Alencastro Guimarães, em Copacabana. Minha irmã tem dois: Milena, também com 12, e Lucas, de oito anos. Karen estuda de manhã e meus sobrinhos, à tarde. A bisa revezava: de manhã vigiava os filhos da minha irmã e, à tarde, olhava a Karen. Agora, ela tem que cuidar dos três o dia inteiro”, relata Karina.
Para ela, a greve tem motivos justos, mas prejudica os alunos: “Por um lado, concordo com o movimento dos professores, que também reivindicam melhorias para o ensino. Por outro, admito que a greve prejudica as criança. A Educação já é deficiente, e a paralisação só atrasa mais os estudantes. Sem contar os transtornos para a família”.
Notícias Relacionadas
Nenhum comentário:
Postar um comentário