domingo, 15 de setembro de 2013

Editorial: Quando o transporte discrimina

Editorial: Quando o transporte discrimina

Quando um trabalhador prefere dormir onde der a voltar para casa, identificam-se dois problemas: o alto preço da passagem e a dificuldade do deslocamento

O DIA
Rio - Nas grandes cidades brasileiras, notadamente no Rio de Janeiro, no currículo de uma pessoa o endereço tem igual ou até maior peso que informações mais relevantes, como formação e experiência profissional. Nas seleções de emprego, privilegiam-se os candidatos que morem perto ou tenham “facilidade de locomoção”. A exclusão pelo transporte é uma dura realidade nas metrópoles e acaba criando feias distorções, como os exilados que O DIA mostra na edição de hoje.
Quando um trabalhador prefere dormir onde der a voltar para casa, identificam-se dois problemas: o alto preço da passagem e a dificuldade do deslocamento. São fatores distintos, mas que se correlacionam. É notório que o serviço se concentra onde é mais rentável. Nos lugares sem muita demanda, empurra-se qualquer coisa, dificilmente a um preço justo. Quem mora longe tem de se contentar com o caro e ruim.
Em outra reportagem da série do Observatório da Mobilidade, O DIA  mostrou a escassez de transporte na madrugada, o que também contribui para o exílio forçado. Trata-se, portanto, de resolver equação que inclui oferta e preço. Este foi resolvido em parte com o Bilhete Único, que nivelou as passagens a um valor justo, com direito a uma conexão. Mas o passe não chegou a todos os lugares, o que precisa ser revisto. O maior desafio, porém, está na oferta.
Não é utópico imaginar uma cidade com transporte pleno, amplo e acessível. Basta ter vontade e planejamento. Sem esse esforço, muita gente continuará dormindo longe de casa pelo triste fato de não ter como chegar até ela após o trabalho.
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