Rio -  Educadores e analistas dos resultados do ENEM divertiram-se nas últimas semanas com algumas redações curiosas, onde encontramos o hino do Palmeiras e uma receita de miojo para tratar, inclusive, do processo migratório no Brasil.
São variados os ângulos de observação. Precisamos analisar de “cabeça fria” para não nos envolvermos pela paixão. Dentre mais de cinco milhões de redações, dar atenção a essas, com o “furo” de reportagem não tem significado relevante, embora chame a atenção à desconexão entre o texto e o tema. Quem corrige as redações do ENEM nada escreve ao lado do texto, como tradicionalmente se fazia.
É relevante a grande quantidade de itens como processo de orientação da redação e, mesmo que uma parte do texto escape à determinante do título, nem tudo está errado e deve ser abandonado, alguma coisa se aproveita e alguma nota pode ser atribuída.
O que chama a atenção sobre esses fatos é a mentalidade excludente do mundo acadêmico brasileiro. A impressão que se tem é que se deseja um corretor que leia as redações à cata de situações que possam servir para atribuir a nulidade de pontos. Pela orientação, tal fato é difícil de acontecer porque é aproveitado ao máximo o que o vestibulando escreveu.
Além do mais, perder tempo com este tipo de observação e debate, representa pouca relevância porque as vagas mais concorridas não serão preenchidas por candidatos com menos de 800 pontos em redação.
Como se vê, discute-se a aparência como se ela fosse o núcleo do problema e deixa-se de lado todo um conjunto de orientações embora deva ser considerado que o gigantismo seja a causa de todos os males: milhões de redações e milhares de cabeças para corrigi-las. Qualquer padronização é muito difícil.
Pedagogo, escritor e palestrante