Rio -  Não existirá mais Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara dos Deputados enquanto o pastor Marco Feliciano insistir em presidi-la. O histórico de declarações de homofobia e racismo, além das manifestações de desapreço às conquistas das mulheres e de fundamentalismo religioso, o caracteriza como o avesso do que seria uma liderança parlamentar comprometida com a defesa das minorias sociais e o exercício da tolerância à diversidade.
Sua permanência na comissão, rejeitada pelos segmentos e organizações dasociedade comprometidos com os direitos humanos, representará o completo descrédito da instituição parlamentar, que ao longo das últimas legislaturas vem sendo parceira na agenda de defesa e respeito às minorias e na de outros temas relacionados à dignidade da pessoa humana.
Mais ainda, compromete um espaço de apreço aos valores fundamentais dademocracia, induzindo a população à descrença neles. O afastamento dos segmentos organizados, ofendidos pelas declarações de Feliciano, é fato. E não por acaso, a Subcomissão de Acompanhamento da Comissão Nacional da Verdade preferiu transferir-se para o âmbito da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara.
Na sociedade, crescem e ganham amplitude as manifestações pela saída do deputado, que faz ouvidos moucos e prefere aferrar-se ao posto com negativas vazias da discriminação que tem pautado sua vida pública. Ao seu lado, formam os setores mais intolerantes do Parlamento.
Os partidos políticos têm responsabilidade na penosa situação a que expuseram a Comissão de Direitos Humanos, que jamais poderia ser objeto de loteamento partidário. O PT, especialmente, pela pouca importância dada, nesse caso, aos valores que ajudaram a fundá-lo.
Wadih Damous é conselheiro federal e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil