Projeto vai alfabetizar mulheres em condições degradantes na Vila Mimosa
Objetivo é estimular o empreendedorismo para que elas criem seu próprio negócio
POR CAIO BARBOSA
Elaborado pela ONGs PlaNet Finance e Gerando Vida, em parceria com a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, o projeto batizado com o nome da prostituta representada por Camila Pitanga na novela Paraíso Tropical pretende capacitar, inicialmente, 100 mulheres que vivem em condições degradantes na região.
Pedrina criou os filhos com a média de R$ 4 mil que ganhava por semana na Vila Mimosa. Euzi cuidava de 50 crianças e jovens, filhos de prostitutas | Foto: João Laet / Agência O Dia
O programa tem duração de dois anos e traçará, num primeiro momento, um perfil da mulheres beneficiadas para que os cursos oferecidos atendam plenamente as necessidades, de acordo com as demandas fornecidas pelas próprias prostitutas.
“Já houve ofertas de cursos aqui que não despertaram interesse algum. Já sabemos, porém, que cursos como de técnica em secretariado, garçonete e manicure têm muita procura. Moda, produção de eventos, e almoxarifado também devem ser oferecidos”, informa Danielle.
Embaixadoras do projeto foram criadas na Vila Mimosa
O projeto Bebel contará com cinco embaixadoras que conhecem a VM. Pedrina da Silva, 37 anos, conta que vendeu o corpo nos minúsculos quartos da região dos 25 aos 34 anos e agora foi contratada para ajudar antigas companheiras a ganhar a vida de outras maneiras.
“Não tenho vergonha do que fiz. Casei cedo, tive três filhos e fui abandonada pelo meu ex-marido. Eu não tinha outro meio de criá-los. Hoje, todos sabem que o que fiz foi por amor a eles. E ouvir um “eu te amo” dos meus filhos, como ouço sempre, é sinal de que fiz a opção certa. Mas é uma vida muito dura”, conta Pedrina, que chegou a faturar R$ 4 mil por semana quando começou a se prostituir.
Euzi Ramos da Silva, ou Tia Euzi, de 54 anos, é a fonte de inspiração do Projeto Bebel. Moradora da região por mais de 20 anos, ela tomava conta de mais de 50 crianças numa casinha de apenas dois cômodos. Muitos daqueles jovens foram vítimas de violência sexual ou eram filhos das prostitutas que não tinham com quem deixá-los, conta.
“Ensinei às crianças a escrever para, quem sabe, tornarem-se doutores depois. Ou então faxineiros, mas que saibam ler e escrever para não serem enganados por ninguém. Agora chegou a vez das mães deles”, vibrou Tia Euzi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário