Rio -  As recentes ações de combate à epidemia de crack em pontos estratégicos de venda e consumo da droga no Rio, ironicamente, fizeram com que moradores de outros bairros passassem a conviver com o problema.

Nas ruas do Engenho de Dentro e do Lins de Vasconcelos, consideradas livres do drama até pouco tempo atrás, pode-se ver agora usuários da droga circulando e dormindo a qualquer hora.

Segundo moradores e comerciantes, o grande “atrativo” da região é o Morro da Cachoeirinha, próximo dali, onde o entorpecente é vendido. Assaltos também são frequentes.
Usuários compram as drogas no Morro da Cachoeirinha, mas sua permanência lá é proibida pelos traficantes e eles voltam para o asfalto | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Usuários compram as drogas no Morro da Cachoeirinha, mas sua permanência lá é proibida pelos traficantes e eles voltam para o asfalto | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Os dependentes químicos teriam começado a circular pela região em novembro de 2010, época em que a polícia retomou o controle do Complexo do Alemão.

A situação, no entanto, se agravou no mês passado, quando a prefeitura removeu uma cracolândia da Avenida Brasil, na altura do Parque União, instalando um posto de assistência social em seu lugar.

Segundo moradores, agora os usuários compram as drogas no Morro da Cachoeirinha, mas a sua permanência lá não é permitida pelos líderes do tráfico, que os expulsam. Com isso, a única alternativa passa a ser o asfalto.

Os lojistas contam que estão com medo de andar pelas ruas pois são muitos os casos de assalto. Idosas com bolsas são consideradas os alvos preferidos dos dependentes.
Dependentes começaram a circular pela região em novembro de 2010 | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Dependentes começaram a circular pela região em novembro de 2010 | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
“Os usuários passam o dia revirando lixo à procura de comida e latarias que são vendidas em ferros-velhos da região. Com esse dinheiro, compram crack. Quando o dia amanhece, os comerciantes têm que tirar aqueles que estão dormindo de baixo das suas marquises para abrir as portas. É lamentável e perigoso”, garantiu o empresário Bené Oliveira, dono de padaria na Rua Cabucú, no Engenho Novo.

Secretaria admite o problema

A secretaria municipal de Desenvolvimento Social admitiu ter conhecimento da presença de usuários de crack na região do Grande Méier e garantiu realizar monitoramento periódico das ruas dos bairros, em parceria com a Guarda Municipal, a subprefeitura da Zona Norte e a Comlurb.

As ações visam a recolher moradores de rua (viciados em drogas ou não) e levá-los para a rede acolhedora, onde são atendidos por assistentes sociais e psicólogos, e encaminhados ao tratamento específico. Entre os logradouros que mais sofrem com o problemas estão as ruas Araújo Leitão, Caiapó, Padre Roma e Cabucú.