Muitos adultos também são 'chatos para comer'
Ao contrário de transtornos alimentares famosos, como anorexia e bulimia, no caso dos comedores seletivos não há preocupação com ganho de peso
Rio - Renata não come fruta alguma. Já Simone faz cara feia toda vez que vê arroz. Engana-se quem pensa que é mais um caso de criança ‘difícil para comer’. Com, respectivamente, 34 e 42 anos, as duas integram o grupo de adultos ‘comedores seletivos’. São pessoas que evitam algum tipo de alimento (ou muitos) sem justificativa racional.
Ao contrário de transtornos alimentares famosos, como anorexia e bulimia, no caso dos comedores seletivos não há preocupação com ganho de peso. Segundo Alexandre Pinto de Azevedo, do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria da USP, o último Dicionário de Saúde Mental, lançado em maio deste ano, deixou de relacionar a doença com a idade e reconheceu, pela primeira vez, que o mal pode surgir na fase adulta. Até então, para caracterizá-lo, os sintomas deveriam aparecer antes dos 6 anos.
“Raramente, a má relação com o alimento começa na vida adulta, mas é possível. Normalmente, são crianças que já eram seletivas e que ampliaram seu repertório quando cresceram”, explica, acrescentando que a dieta restrita pode causar perda de peso e também desnutrição.
Segundo Liliane Moitinho, nutricionista da Universidade Santa Úrsula, cor e textura da comida influenciam na escolha e o ‘verde’ é vilão também para os adultos. “Há mais recusa de frutas e verduras do que de alimentos industrializados”. Para ela, o comportamento está ligado a pais que forçavam os filhos a comerem na infância. “Para essas pessoas, comer é como uma agressão, porque passaram por traumas com determinado alimento”.
Já para Alexandre, a atitude dos pais é reflexo e não causa do transtorno. Ele acredita que a dieta seletiva pode estar ligada a crianças que viveram em ambientes desorganizados e com conflitos entre os membros mais velhos. O ambiente despertaria nos pequenos o desejo de ‘controle’ da situação. “Controlar o que se come pode deixar a criança mais tranquila em seu universo, diante de familiares sem disciplina, instáveis e desorganizados emocionalmente”, aponta.
Técnicas como misturar o vegetal no arroz e feijão não funcionam com adultos. Alexandre explica que substituir o alimento rejeitado por outro de igual valor nutritivo e calórico é uma das etapas do tratamento. Além disso, reeducação alimentar, além de psicoterapia podem ser recomendados. Antidepressivos são prescritos em casos de grande sofrimento relacionado às escolhas alimentares.
“O estigma de ‘pessoa difícil’ ou a ideia de que o comportamento é ‘para chamar atenção’ é inevitável entre os que sofrem do transtorno”, avalia.
Livro explica transtorno
“Ser difícil para comer não é uma opção, é uma verdadeira desgraça.” O desabafo faz parte do livro da crítica de gastronomia Stephanie Lucianovic, lançado ano passado. ‘Suffering Succotash:
A Picky Eater’s Quest to Understand Why We Hate the Foods We Hate’ (‘A busca de um comedor seletivo para entender por que odiamos as comidas que odiamos’) descreve o que sente um portador do transtorno. Na publicação, ela conta que sentiu repulsa e vontade de vomitar quando tentou provar as comidas que rejeitava. A lista inclui passas, bananas e vísceras.
A rotina de um comedor seletivo, segundo ela, inclui ter medo de restaurtante, evitar reuniões familiares e sofrer de ansiedade antes de viagens para locais (e restaurantes) desconhecidos.
“Preferência alimentar é algo subjetivo. Comedores seletivos não estão sendo chatos, mas agem de acordo com sua biologia, sua genética e suas experiências passadas”, disse.
Para esse grupo, Liliane Moitinho dá dicas para garantir uma alimentação equilibrada. O brócolis pode ser substituído por vegetais de cor escura, como couve. Mas, se a couve também for problema, a solução é batê-la crua com limonada. “Couve crua não tem gosto, por isso recomendo que ela seja misturada nos sucos”, declara.
Segundo a nutricionista, couve-flor e abobrinha têm as mesmas propriedades. Já o feijão pode ser trocado por ervilha e lentilha.
Ao contrário de transtornos alimentares famosos, como anorexia e bulimia, no caso dos comedores seletivos não há preocupação com ganho de peso. Segundo Alexandre Pinto de Azevedo, do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria da USP, o último Dicionário de Saúde Mental, lançado em maio deste ano, deixou de relacionar a doença com a idade e reconheceu, pela primeira vez, que o mal pode surgir na fase adulta. Até então, para caracterizá-lo, os sintomas deveriam aparecer antes dos 6 anos.
“Raramente, a má relação com o alimento começa na vida adulta, mas é possível. Normalmente, são crianças que já eram seletivas e que ampliaram seu repertório quando cresceram”, explica, acrescentando que a dieta restrita pode causar perda de peso e também desnutrição.
Segundo Liliane Moitinho, nutricionista da Universidade Santa Úrsula, cor e textura da comida influenciam na escolha e o ‘verde’ é vilão também para os adultos. “Há mais recusa de frutas e verduras do que de alimentos industrializados”. Para ela, o comportamento está ligado a pais que forçavam os filhos a comerem na infância. “Para essas pessoas, comer é como uma agressão, porque passaram por traumas com determinado alimento”.
Já para Alexandre, a atitude dos pais é reflexo e não causa do transtorno. Ele acredita que a dieta seletiva pode estar ligada a crianças que viveram em ambientes desorganizados e com conflitos entre os membros mais velhos. O ambiente despertaria nos pequenos o desejo de ‘controle’ da situação. “Controlar o que se come pode deixar a criança mais tranquila em seu universo, diante de familiares sem disciplina, instáveis e desorganizados emocionalmente”, aponta.
Técnicas como misturar o vegetal no arroz e feijão não funcionam com adultos. Alexandre explica que substituir o alimento rejeitado por outro de igual valor nutritivo e calórico é uma das etapas do tratamento. Além disso, reeducação alimentar, além de psicoterapia podem ser recomendados. Antidepressivos são prescritos em casos de grande sofrimento relacionado às escolhas alimentares.
“O estigma de ‘pessoa difícil’ ou a ideia de que o comportamento é ‘para chamar atenção’ é inevitável entre os que sofrem do transtorno”, avalia.
Livro explica transtorno
“Ser difícil para comer não é uma opção, é uma verdadeira desgraça.” O desabafo faz parte do livro da crítica de gastronomia Stephanie Lucianovic, lançado ano passado. ‘Suffering Succotash:
A Picky Eater’s Quest to Understand Why We Hate the Foods We Hate’ (‘A busca de um comedor seletivo para entender por que odiamos as comidas que odiamos’) descreve o que sente um portador do transtorno. Na publicação, ela conta que sentiu repulsa e vontade de vomitar quando tentou provar as comidas que rejeitava. A lista inclui passas, bananas e vísceras.
A rotina de um comedor seletivo, segundo ela, inclui ter medo de restaurtante, evitar reuniões familiares e sofrer de ansiedade antes de viagens para locais (e restaurantes) desconhecidos.
“Preferência alimentar é algo subjetivo. Comedores seletivos não estão sendo chatos, mas agem de acordo com sua biologia, sua genética e suas experiências passadas”, disse.
Para esse grupo, Liliane Moitinho dá dicas para garantir uma alimentação equilibrada. O brócolis pode ser substituído por vegetais de cor escura, como couve. Mas, se a couve também for problema, a solução é batê-la crua com limonada. “Couve crua não tem gosto, por isso recomendo que ela seja misturada nos sucos”, declara.
Segundo a nutricionista, couve-flor e abobrinha têm as mesmas propriedades. Já o feijão pode ser trocado por ervilha e lentilha.
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