Tecnologia aliada da saúde de três milhões de cariocas
Tecnologia aliada da saúde de três milhões de cariocas
Prontuário eletrônico da rede municipal permite que médicos controlem exames, remédios, vacinas e consultas de pacientes
BEATRIZ SALOMÃO E CHRISTINA NASCIMENTO
Rio - Hipertenso, Luiz Silva, 63 anos, foi à Clínica de Saúde da Famíla da Rocinha na última quinta-feira. Com apenas ‘um clique’, a enfermeira Emília Moreira descobriu que ele não fazia exames de rotina desde julho de 2012 e solicitou novos testes. O caso não é pontual. O aposentado é um dos 3,1 milhões de cariocas que têm todos os dados registrados nos prontuários eletrônicos.
Implantada há cerca de quatro anos na capital, a tecnologia está nas 71 clínicas e em outras 114 unidades básicas de saúde da Secretaria Municipal de Saúde. Resultados de exames, remédios prescritos, vacinação, registro de consultas e pareceres médicos são atualizados em tempo real.
Além disso, o programa registra as características da residência do paciente (condições sanitárias, rua asfaltada) e informações que podem explicar doenças, como presença de animais em casa e até uma espécie de ‘árvore genealógica’ que revela enfermidades em parentes.
Prontuário eletrônico da rede municipal permite que médicos controlem exames, remédios, vacinas e consultas de pacientes
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
“Pelo prontuário, conseguimos uma lista completa de todos pacientes que estão com exames ou vacinas atrasadas. Com os nomes, fazemos uma busca ativa dessas pessoas, em casa e por telefone”, diz o subsecretário de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde, Daniel Soranz.
Ele ressalta que o prontuário auxilia na estruturação de ações da secretaria e permite traçar um perfil epidemiológico de cada região. Segundo ele, o próximo passo é implantar o software nas farmácias da rede municipal. O objetivo é rastrear cada comprimido, desde a prescrição. “O remédio não poderá ser retirado em mais de uma farmácia com a mesma receita. E tudo será integrado ao prontuário eletrônico”, explica.
O Rio de Janeiro foi a primeira cidade do país a implantar a tecnologia. Atualmente, todas as Clínicas da Família já são inauguradas com o prontuário eletrônico. Para ser incluído, o paciente precisa apresentar CPF e data de nascimento. “Não é possível fazer atendimento de qualidade sem acompanhamento a longo prazo e individualizado. Por isso adotamos o prontuário.”
A médica Talita atende Heroneide, na Rocinha: tratamento sempre em dia e tranquilidade para a paciente
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
“Se o médico muda, o outro vai ter acesso ao meu histórico” - Heroneide Souza, dona de casa, 49 anos
“Tenho hipertensão desde 2000. Em 2009 comecei a ser acompanhada na Clínica da Família. Recebo visitas mensais em casa e o agente sempre faz perguntas sobre minha saúde. Me sinto mais tranquila por saber que todos os meus dados estão armazenados e que não há risco de eles se perderem. Se o médico mudar, o outro vai ter acesso ao meu histórico e dar seguimento ao tratamento.” Guia para encontrar a unidade de saúde ideal
A modernidade aliada ao serviço de saúde não se restringe aos prontuários eletrônicos. No site da Secretaria Municipal há ainda um mapa especial com todas as unidades e um passo a passo sobre como chegar até cada uma delas.
Na seção ‘Onde ser Atendido’, o paciente coloca o endereço de casa e, em segundos, aparecem todas as clínicas e postos de saúde mais próximos. Nomes de médicos e enfermeiros que trabalham nos locais também são divulgados.
Pelo prontuário, enfermeira Emília descobriu que Luiz Silva, hipertenso, não fazia exames desde 2012
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Além disso, a partir de janeiro de 2014, agentes comunitários de saúde farão as visitas domiciliares munidos de smartphones e tablets. Segundo Daniel Soranz, o projeto deve começar em dez clínicas e vai permitir a atualização dos prontuários eletrônicos quase em ‘tempo real’.
“O profissional não vai mais perder tempo anotando no papel e depois digitando no computador”. De acordo com ele, pacientes atendidos sempre pela mesma equipe apresentam resultados melhores. Nas clínicas do município, entre 70% e 90% dos pacientes conseguem ser tratados pelos mesmos profissionais. “Há continuidade no tratamento” - Talita Carneiro de Castro, médica da rede municipal de Saúde
“É muito bom poder ter acesso a todas as informações do paciente dentro de um prontuário que é atualizado constantemente. Consigo ver se o tratamento está surtindo efeito ou se é preciso mudar algo. O prontuário ajuda também quando preciso recuperar dados antigos, porque tudo fica armazenado e não perdemos informações que ajudam no atendimento. Nas Clínicas da Família, há consultas com médicos e com enfermeiros, e o que cada profissional faz fica registrado, de modo que há uma continuidade no tratamento do paciente. Até se um analgésico é prescrito eu fico sabendo. Existe uma fórmula que me ajuda a calcular o risco cardiovascular de cada paciente. Eu coloco dados como glicose, idade, sexo pressão arterial e o programa calcula os riscos daquele paciente. Dessa forma, planejo as próximas consultas e a necessidade de exames.”
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