‘Minha opção foi o otimismo’
Publicitária encarou doença com bom humor, registrou sua história em livro e já lança segunda obra
POR GABRIELA GERMANO
Mirela: novo livro traz histórias de mulheres que tiveram câncer | Foto: Divulgação
O pior momento é receber a notícia. “Chorei muito. E nos primeiros dias você não quer levantar da cama para encarar a realidade. Só tinha vontade de dormir”, lembra ela, que meses antes do diagnóstico viu seu casamento de 12 anos terminar, perdeu a avó e foi demitida de uma grande agência de publicidade onde trabalhava.
Mas chega. O lado triste dessa história termina aqui. “Percebi que, se só vivesse chorando e reclamando, eu viraria uma pessoa chata e afastaria os outros de mim. Minha opção foi o otimismo”.
A escolha foi certeira. Linda, loura, sem trabalho e carequinha da silva, Mirela foi viver. Numa noite, conheceu um cara e eles começaram a flertar. “Eu usava peruca e a primeira coisa que ele elogiou foi meu cabelo (risos).
E como foi a primeira noite juntos? “Meio no escuro, aos poucos, quando vi já estava acontecendo. A peruca caiu”, conta sem constrangimento. Afinal, vergonha por quê? Marco está com Mirela até hoje, são seis anos de união. “Brigamos como qualquer casal. Mas Marco sempre vai ter pontos a seu favor. Nunca imaginei que fosse arrumar um novo companheiro nessas condições, com um peito bom, é verdade, mas não perfeito”, ri.
A vida profissional também deslanchou. “Coloquei um lenço na cabeça, fui para uma entrevista de emprego e acabei contratada. Sempre fui uma paciente mimada. Minha mãe vende roupas e eu tinha três gavetas repletas de lenços. Eles sempre combinavam com a blusa que eu usava porque ela pedia retalhos com a mesma estampa nas confecções. Era fashion”, brinca.
“Dou palestras por todo o País e conheço muita gente que enfrenta esse problema. Essa troca é muito boa”, resume ela, que conta uma passagem hilária em meio ao drama: “Estava em tratamento e encontrei uma amiga que há muito tempo não via. Eu usava chapéu e ela soltou: ‘Nossa, como sua pele está linda. É botox? Rebati: ‘Não, é quimioterapia mesmo’. Caímos na gargalhada”.
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