Rio -  Dois anos após a maior catástrofe natural do país, que matou mais de 900 pessoas em enchentes e deslizamentos, a angústia de quem perdeu tudo na Região Serrana é alimentada por promessas feitas em vão pelo poder público. Até hoje, nenhuma casa foi erguida em Teresópolis ou Nova Friburgo. Pior: nos municípios ainda há 16 mil famílias em áreas de risco. Cansado de esperar, um grupo de agricultores decidiu agir por conta própria e recomeçar a vida.
Em Santa Rita, Teresópolis, população ainda vive em encostas de risco e prédios parcialmente destruídos há exatos dois anos não receberam obras. Mortos serão homenageados | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Em Santa Rita, Teresópolis, população ainda vive em encostas de risco e prédios parcialmente destruídos há exatos dois anos não receberam obras. Mortos serão homenageados | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Nos bairros Bonsucesso e Venda Nova, em Teresópolis, a solidariedade traz esperança. Produtores se uniram e reorganizaram plantações de hortaliças e legumes, como rabanete, cebola e alho.
“Perdi tudo, salvei minha família e cheguei a viver em abrigos. Com ajuda dos outros, estamos conseguindo refazer as plantações e sobreviver dignamente. Imagina se estivéssemos esperando?”, questiona Arnaldo de Andrade, 57 anos.
Almir de Oliveira, 42, tenta superar a madrugada de 12 de janeiro de 2011, quando a água levou sua casa e sua plantação: “No mutirão, um colhe, o outro planta, e outro ajuda a levar as mercadorias. Cada um faz um pouco, e assim a vida volta a ter um sentido”.
Parece o dia da tragédia, 12 de janeiro de 2011, mas o cenário de destruição é de ontem: nada foi reconstruído | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Parece o dia da tragédia, 12 de janeiro de 2011, mas o cenário de destruição é de ontem: nada foi reconstruído | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Hoje de manhã, a comissão das vítimas de Teresópolis farão homenagem aos mortos no cemitério Vale do Paraíso. À tarde haverá manifestação na Praça Santa Tereza.
Sobrevivência difícil após a tragédia
Em Nova Friburgo, histórias de quem tenta sobreviver com aluguéis sociais de R$ 500 ou de quem ainda não encontrou parentes após as chuvas são contadas a cada esquina no Colônia Albina. “Minha casa era grande e agora vivo num quarto e sala. Passa um filme na cabeça e penso nos dois sobrinhos que não achamos”, conta Jonas Figueiredo, 54, que vive com a esposa.
Segundos os governos estaduais e municipais, 10,3 mil pessoas recebem aluguel social em Nova Friburgo e Teresópolis, 45 intervenções já foram realizadas em encostas, dez das 62 pontes afetadas foram recuperadas e mais de 1.900 casas ainda serão construídas.