Rio -  A Secretaria de Segurança fechou o planejamento das novas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) para o primeiro semestre deste ano. A previsão é que, após a inauguração das bases no Jacarezinho e Manguinhos, na próxima quarta-feira, o Lins de Vasconcelos seja o próximo alvo. O bairro do chamado Grande Méier passou à frente do Complexo da Maré por causa dos repetidos casos de balas perdidas e aumento de assaltos na região.
No Jacarezinho e em Manguinhos, as favelas vizinhas do Rato Molhado (Engenho Novo) e Arará (Benfica) — que não estavam contempladas no plano inicial — ganharão bases avançadas com reforço de homens dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque, que atualmente ocupam a região.
Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Bope começou a ocupar o Jacarezinho em outubro | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
O objetivo é montar um cinturão de segurança na região e, paulatinamente, chegar também à favela Barreira do Vasco, em São Cristóvão. A UPP Manguinhos terá bases, além do Arará, em Mandela e Varginha. Já a UPP Jacarezinho será sediada na localidade do Azul, com bases no Rato Molhado e Pica-Pau.
No Lins, as seis principais favelas do complexo serão ocupadas num primeiro momento: Barro Vermelho, Barro Preto, Cachoeirinha, Árvore Seca, Encontro e Amor. Com o avanço do processo de pacificação, as ocupações deverão atingir, até o fim do ano, bairros como Engenho de Dentro, Engenho Novo, Piedade, Quintino, Méier, Maria da Graça e Del Castilho.
PROMESSA DO SECRETÁRIO
O plano das novas UPPs segue a promessa feita há pouco mais de um ano pelo secretário José Mariano Beltrame em entrevista exclusiva ao DIA. Na ocasião, Beltrame deu pistas sobre o processo de pacificação do Rio.
“A Zona Norte é a bola da vez: Jacarezinho, Manguinhos, Maré... Vamos subir. Se olharem o mapa da cidade, desde o litoral, o movimento da UPP é saindo do mar em parábola para a esquerda, em direção à Zona Norte”, adiantou Beltrame, na época.
O secretário explicou porque ainda não há plano para as UPPs chegarem ao interior. “Temos 92 municípios no estado e cerca de 16 milhões de pessoas. Desses, a Região Metropolitana concentra cerca de 11 milhões de moradores”.
Crimes ditaram a mudança
Tudo indica que três mortes e outras duas pessoas feridas por balas perdidas, desde o Natal, colocaram o Complexo do Lins na frente da fila para ganhar UPPs.
Na noite do dia 24 de dezembro, a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, foi atingida na cabeça em Pilares. Ela esperou oito horas por uma cirurgia e morreu uma semana depois.
Antes dela, Flávia da Costa Silva, 26, morreu ao ser baleada quando ia trabalhar de ônibus e passava pelo Lins. No dia de Natal, 25 de dezembro, a tragédia se repetiu com Aline Cristina Faria Ramos, 25, baleada quando estava em um táxi no Lins.
Na virada do ano, Jéssica Elysio Vasconcellos, 18, e Ana Cristina Trajano, 30 — que estava grávida de oito meses — foram feridas com balas perdidas no Engenho de Dentro e em Piedade e sobreviveram.