Rio -  Que tipo de pessoa falta a um plantão ou a vários, recebe o salário correspondente e não se sente culpado? Que tipo de pessoa rouba, mata, assassina, suborna, mente, intriga, manipula sem se preocupar com as consequências? Que gente é esta que promete e não cumpre? Que vende e não entrega? Que assina contrato e não respeita? Que gente é esta que faz o que quer sem medir as consequências?
Entra ano e sai ano e tudo fica sempre igual. Há pelo menos 30 anos as chuvas de janeiro chegam com a mesma fúria e destroem casas e vidas e tudo fica exatamente igual. Os pobres choram, os governantes locais fazem cara consternada, os janeiros se sucedem, as reportagens dos jornais e das tevês repetem quase que as mesmas informações dos anos anteriores, as autoridades federais liberam verbas de emergência, novas promessas de obras se repetem e daqui a pouco chega outro janeiro e toda a tragédia acontece outra vez, exatamente igual ao ano passado, ao outro e ao outro.
Aliás, a série sobre os 30 anos do ‘RJTV’ mostrou isto com uma clareza cristalina. As enchentes, os desabamentos, as perdas de vidas e de coisas materiais compradas com a maior dificuldade se sucederam nas reportagens que contaram a história do telejornal e das nossas cidades. Sinceramente, os eleitos para cargos públicos deveriam morrer de vergonha. A propósito é de matar de vergonha e de raiva, também, a maneira como os cadeirantes e as pessoas com dificuldade de locomoção são tratadas pelas mesmas autoridades.
É como se estas pessoas fossem tão invisíveis quanto as vítimas das tragédias sazonais. Ninguém se importa. Os buracos que tornam infernal o dia a dia dos motoristas, ciclistas e motoqueiros também se tornam um pesadelo pra quem tenta caminhar pelas calçadas, que são altas demais para qualquer um, pior ainda pra quem tem problemas. Eu não sei, nem quero saber, quem é que inventou esta história de pedra portuguesa, mas alguém poderia ser lúcido o suficiente para eliminá-las já que os buracos são inúmeros e os consertos, quando são feitos, só fazem piorar a situação.
Hotéis, restaurantes e até órgãos públicos também não se preocupam com quem tem deficiência. Cadeirante não tem direito a frequentar hotel, ir a teatro, shows de música ou a restaurantes? Todos têm escada e mesmo os recém-inaugurados ou reformados não pensaram nestas pessoas. E os aeroportos? Abandono total. Que tal tirar o nome do maestro Tom Jobim do Galeão? Não é justo para com a pessoa doce, defensora de boas causas e artista extraordinário que foi Tom. Ele não merece esta falta de respeito. Vamos combinar, nós também não merecemos.