Rio -  Foi o que disse Maradona quando fez gol de mão na copa de 1986 contra a Inglaterra, jurando que foi a ‘mão de Deus’. Inevitável que eu fizesse uma analogia com a escolha do novo Papa, o sucessor de Bento 16.
Quando a fumaça branca do Vaticano sinalizou o “Habemus Papam”, nós, brasileiros, entramos numa torcida ao vivo como em final de Copa do Mundo, ainda que se tratasse de religião, e não de esporte. Bem cotado  ao cargo máximo da Igreja, o brasileiro Dom Odilo Scherer parecia cada vez mais próximo disso.
Com a necessidade de uma renovação que já não é segredo, a renúncia de Bento 16, mesmo assim, foi surpresa, o que não acontecia há 600 anos. A escolha de novo Papa de fora da Europa, de continente emergente como a América Latina, onde o número de católicos é significativo, tendo no Brasil seu maior expoente, levou a crer numa possibilidade real de um Papa brasileiro.
O que não esperávamos era Jorge Mario Bergoglio, argentino, arcebispo de Buenos Aires, se tornar o Papa Francisco. Um drible surpreendente como se Messi, o também argentino, e eleito melhor jogador de futebol da atualidade, nos tivesse roubado a bola num encanto de segundos e feito um tremendo gol.
Mas o que a Argentina tem que nos dá a sensação de chegar antes do Brasil em vários ‘títulos’? Eles têm a linha de metrô mais antiga do continente, carregam cinco prêmios Nobel (dois da Paz, dois de Medicina e um de Química) e, ganharam o Oscar de Filme Estrangeiro, com ‘La historia oficial’ e ‘El secreto de sus ojos’. Quem conhece a Argentina pode atestar que no país de Borges, Oliverio e Cortázar se lê muito, não se deixa passar em branco questões duvidosas na política, e ainda tem uma das capitais mais apaixonantes do mundo.
A mão de Deus é para todos. E assim esperamos que o Papa argentino seja uma mão a trazer um pouco de segurança a tanta gente que ainda crê também neste campeonato: o da paz mundial.
Publicitária e escritora