sábado, 25 de maio de 2013

Telemarketing espalhou boatos do Bolsa Família

Telemarketing espalhou boatos do Bolsa Família

PF identifica dois beneficiários que teriam recebido telefonemas com mensagens sobre o fim do programa social. Investigação indica que a empresa seria no Rio

IG RICARDO GALHARDO
Rio e São Paulo - A Polícia Federal (PF) identificou ontem pelo menos duas pessoas que afirmam ter recebido telefonemas no último fim de semana com mensagens gravadas sobre o fim do Bolsa Família. De acordo com as investigações iniciais da PF, a hipótese mais provável é que o boato tenha partido de uma central de telemarketing com sede no Rio, via telefones celulares. A partir de então, a onda se espalhou boca a boca em todo o país acelerada pelas redes sociais.
Com os boatos, a Caixa Econômica registrou 920 mil saques de beneficiários do programa, que correram às agências do banco no fim de semana em pelo menos 13 estados, entre eles o Rio. A Caixa registrou pagamentos de R$ 152 milhões referentes aos benefícios do Bolsa Família.
No último domingo, centenas de beneficiários do Bolsa Família correram à agência de Guarus, em Campos de Goytacazes, para sacar o dinheiro
Foto:  Folha da Manhã
A PF ainda não identificou a motivação do boato. “Ainda não sabemos o que motivou a boataria. Pode ser disputa política, alguém com interesses comerciais ou até o crime organizado”, disse uma fonte com amplo acesso à investigação.
As testemunhas que afirmam ter recebido mensagens gravadas sobre o fim do benefício são, por enquanto, as principais pistas da PF para chegar aos autores dos boatos. As investigações estão a cargo da Divisão de Crimes Cibernéticos da PF e até agora ninguém foi indiciado.
Na terça-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo levantou a suspeita de que a ação possa ter sido “orquestrada” devido à velocidade com que os boatos se espalharam. Ontem, ele afirmou que seria “leviano” afirmar que houve articulação política.
TEMOR POR ELEIÇÃO
Tanto no PT quanto na oposição, o episódio provocou temor em relação à campanha eleitoral do ano que vem. Parlamentares oposicionistas foram à PF pedir agilidade nas investigações. Dirigentes petistas têm pressionado por apuração rápida e eficaz para preservar o ambiente eleitoral. “Isso é muito grave. Os boatos podem contaminar o processo eleitoral”, disse um dirigente.
Rio foi um dos estados mais afetados
A onda de boataria tomou conta de vários bairros da Zona Norte do Rio, Baixada Fluminense, São Gonçalo e Campos, locais mais afetados no estado. Assustados com a possibilidade de o programa Bolsa Família ser suspenso, milhares de beneficiários correram às agências da Caixa Econômica Federal.
Além do Rio, houve tumulto nas unidades de outros 12 estados: Pará, Piauí, Paraíba, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Amazonas e Tocantins.
A PM foi chamada para conter a confusão. O governo liberou os pagamentos para quem foi às agências. Os beneficiários que sacaram este mês farão a próxima retirada só em junho.
PSDB é o pai do programa
Em entrevista recente ao apresentador de TV Carlos Massa, o Ratinho, o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que o Bolsa Família tem o “DNA” dos tucanos. Segundo o presidenciável, o PSDB é o verdadeiro pai do programa de assistência.
A Caixa Econômica Federal repassou ontem à Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal, responsável pelas investigações, as informações relativas aos dois primeiros saques feitos após a disseminação do boato. Os dados podem ajudar a localizar a origem dos rumores.

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