sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sebastião José: Quem fala a verdade?

Sebastião José: Quem fala a verdade?

Nos últimos meses a cidade assistiu estarrecida a série de acidentes de ônibus que ceifou vidas e deixou inúmeros feridos

O DIA
Rio - Nos últimos meses a cidade assistiu estarrecida a série de acidentes de ônibus que ceifou vidas e deixou inúmeros feridos. A responsabilidade, porém, não pode ser creditada somente aos motoristas, que, por imposição das empresas, chegam a trabalhar 14 horas diariamente, contra as sete previstas em lei.
Hoje, o transporte público de passageiros, serviço de responsabilidade da prefeitura, é explorado por 44 empresas permissionárias, subordinadas à Fetranspor e à RioÔnibus, onde atuam cerca de 18 mil motoristas em mais de nove mil ônibus. Na verdade, há cerca de 50 anos que o transporte urbano na cidade é comandado por meia dúzia de empresários preocupados apenas em preservar seus lucros, deixando de lado a segurança de motoristas, dos usuários e da própria cidade, pois, como é de domínio público, o serviço não é satisfatório.
Estamos às vésperas de eventos, como as copas das Confederações e do Mundo e a Olimpíada, o que trará milhares de visitantes. Fica a pergunta: será que eles poderão usufruir as belezas do Rio utilizando frota que, apesar de nova, não possui um número suficiente de profissionais? E o que falar da ‘escravidão’, com condutores trabalhando além das horas permitidas e, ainda por cima, agindo como cobradores, o que acaba por colocar em risco a vida dos passageiros?
É claro que, como em qualquer profissão, existem os bons e os maus profissionais, mas esses são minoria, pois a grande parte é de pais de família responsáveis e que precisam levar o sustento para suas casas. Por isso, não podemos permitir a criminalização de uma categoria, desviando a atenção da sociedade das reais causas dos constantes acidentes.
A lei deve ser respeitada por cidadãos, empresas e autoridades. Os motoristas infratores devem ser punidos, tal como as empresas responsáveis e as autoridades negligentes e omissas. A verdade é que os motoristas de ônibus do Rio exercem sua profissão em condições de trabalho extremamente difíceis, e quem acaba pagando essa conta somos nós, usuários.

Vice-presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus da Cidade do Rio

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