quarta-feira, 10 de julho de 2013

Diretoria da Mocidade divulga sinopse do enredo

Diretoria da Mocidade divulga sinopse do enredo

Paulo Menezes será o responsável pelo desenvolvimento de 'Pernambucópolis'

O DIA
Rio - A Mocidade Independente de Padre Miguel apresentou na noite desta terça-feira a sinopse do enredo “Pernambucópolis”. Cerca de 100 compositores participaram da reunião na quadra da Verde e Branco e ouviram do carnavalesco Paulo Menezes que a ideia da sinopse é deixar os compositores o mais soltos possível para criar, sem compromisso com o desenvolvimento de alas e alegorias.
“Não é uma sinopse descritiva, por isso espero que vocês passeiem pelas entrelinhas do enredo”, orientou Paulo Menezes. “Eu não sou, não quero ser e não vou ser Fernando Pinto. O que estamos fazendo é uma homenagem”, enfatizou Menezes, ressaltando que o desfile da Mocidade não irá reviver antigos carnavais do homenageado nem será um simples passeio pelo estado de Pernambuco.
Paulo Menezes fez explanação para os compositores durante entrega da sinopse da Mocidade
Foto:  Divulgação

Escrita toda em primeira pessoa, a sinopse simula uma narrativa feita pelo próprio Fernando Pinto. “É como se ele, que deixou esta terra na década de 1970, tivesse voltado para revisitar Pernambuco, vendo as muitas coisas que mudaram e aquilo que não mudou. Faremos um passeio regional não linear, teremos frevo, maracatu, mamulengos e iremos do litoral ao interior, passando por mangues, agreste e sertão”, resumiu o carnavalesco.
O presidente da ala de compositores da Mocidade Independente, Jeferson Rodrigues, o Jefinho, ressaltou que a disputa será aberta. “Estamos recebendo novos compositores na ala, de braços abertos”, disse. “Que Deus abençoe todos vocês e seja feito um grande samba”, desejou o presidente Paulo Vianna. “Com certeza, Fernando Pinto estará presente junto com vocês e com a Mocidade”, finalizou Vianna.
Regras da disputa
A inscrição para participar da disputa de sambas-enredo na Mocidade terá uma taxa de R$ 150 por autor, exceto para integrantes da ala de compositores da Verde e Branco, que não pagarão. As parcerias deverão ter entre dois e seis compositores. Os sambas devem ser entregues no dia 25 de agosto, na quadra, entre 14h e 20h, com três cópias em CD e trinta da letra impressa. As obras serão apresentadas ao público no ensaio do dia 31 de agosto e a final do concurso será no dia 20 de outubro.
O carnavalesco Paulo Menezes participará de três reuniões com os compositores, para esclarecimento de eventuais dúvidas sobre a sinopse. Os encontros acontecerão nos dias 23 de julho, 6 e 13 de agosto, sempre às 19h, na quadra da agremiação.
Logogtipo faz referências a elementos da cultura de Pernambuco
Foto:  Divulgação

Confira sinopse
"PERNAMBUCÓPOLIS"
Manhã de carnaval de 1985.
A Mocidade Independente de Padre Miguel partiu para o espaço sideral levando com seu samba, toda alegria, beleza e as cores do nosso carnaval.
Todo o universo enfim, festejava e se encantava com a alegria, a ousadia e a irreverência de seu criador.
E hoje, alguns “Ziriguiduns” depois, esta mesma alegria, beleza e cores estão de volta, como numa viagem no tempo e nas estrelas...
É o grande dia do Carnaval Universal!
“Quero ver no céu minha estrela brilhar...
Está em festa o espaço sideral,
Vibra o universo, é carnaval!”
- Alô, alô Planeta Terra!
Alô, alô Rio de Janeiro!
Alô, alô Mocidade Independente!
De bigu na estrela guia, estou voltando.
“Eita... saudade tá danada não me aguento, não”
Saudade da minha gente, das minhas cores.
Estou de volta à minha terra... aos meus devaneios...
“Parece que estou sonhando, com tanta felicidade...”
E quero viver intensamente cada momento dessa saudade.
Quero sair por aí, andar, correr, brincar...
Quero, mais uma vez, ser e sentir tudo aquilo que já vi e vivi um dia. E os que ainda não vi e nem vivi, deixar a emoção desse encontro me levar, me transportar e me transformar.
“Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, eu sou o Leão do Norte”
Quero ser o coração do folclore, e pulsar a cada batida dos tambores, não importando de onde eles venham, se das bandas ou das orquestras, dos salões ou dos teatros, das ruas ou do mangue, do baque solto ou do baque virado. E são essas batidas que fazem fervilhar as veias, as pernas, o corpo.
E com o corpo, quero pular, dançar, subir, descer e balançar... Ao som do baião, do frevo, do coco, do forró e do xaxado. Rodar a ciranda, de pés no chão, pés na areia.

“Mas foi na casa de lia
Numa ciranda praieira
Que eu vi minha estrela-guia
Nos olhos da cirandeira”
Nunca fui homem de um só personagem, já fui índio, onça e arara; já fui pirata, camaleão e ET. E hoje quero ser novamente livre, quero ser rei, vassalo, batuqueiro, calunga, mascarado. Quero ser cacique ou curumim. Quem sabe caipora ou babau, ou até pastora e brincante.
Quero ser boneco, de vários tipos e vários tamanhos: pequeno, grande ou gigante. Do dia, da tarde, da noite ou de qualquer hora.
Ou quem sabe um Mamulengo, contador de histórias, num cordel; e que saia por aí, de sombrinha nas mãos, atrás de um afoxé, com o povo num bloco, mas daqueles bem grandes, muito grandes... o maior do mundo!
“A manhã já vem surgindo,
O sol clareia a cidade com seus raios de cristal
E o Galo da madrugada, já está na rua, saudando o Carnaval.”
Quero ser as mãos de Vitalino, vida, forma e criação.
Vidas que nascem do barro, da madeira, da palha, da linha. Vidas que viram artes, artes que viram cores, cores que viram sonhos, sonhos que ganham as feiras e depois ganham o mundo. Quero riscar, tecer, rendar, trançar...
Quero pintar e bordar!!!!
Eu quero navegar...
Navegar nas águas da imaginação. Que essas águas me levem a caminhos e histórias do natural e sobrenatural, de mitos e lendas, de crenças e crendices. Vixe Maria, haja proteção!
Sou tudo isso e muito mais.
Sou o rio, sou o mar, o agreste e o sertão.
Sou o canto, sou a dança, sou o auto e o cordão. Sou o velho, sou o novo, o sagrado e o profano, a folia e o carnaval.
Sou mistério, sou a fé, sou Paixão e São João.
Acorda povo!...
Sou passado, sou futuro e do Norte sou Leão.
“Meu Deus, se eu pudesse
Fazer o que manda
O meu coração...
Voltava pra lá
Ou trazia pra cá
Todo o meu sertão”
E é hora de voltar, pelo tempo caminhar. Mas eu quero mais samba, quero mais cores, mais alegria, mais Pernambuco! Quero um pouco de tudo que vi e ouvi, senti e brinquei. Vivi e vivo de sonhos, de transformar e criar. Vivo de emoções. E todas essas emoções agora vão comigo, pois eu preciso dessa cor, dessa alegria, de uma gente e uma terra como essa. O espaço precisa de uma Pernambuco, a minha Pernambuco. Aliás, a minha “Pernambucópolis”
“Vejam
Quanta alegria vem aí...
...Minha cidade
Minha vida
Minha canção...”
E assim será!
Caboclinhos, boi-bumbá, frevos, afoxés, reisados e maracatus, mais uma vez farão a festa no espaço sideral.
Vibra o universo, é carnaval!
E lá vamos nós!
Borimbora!
Beijim, Beijim. Bye, Bye Brasil!
Fernando Pinto
Por Paulo Menezes
Numa noite de carnaval de 2014.


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