quarta-feira, 10 de julho de 2013

Wilson Diniz: O que está acontecendo com o Brasil?

Wilson Diniz: O que está acontecendo com o Brasil?

Estamos diante de dilemas psicanalíticos

O DIA
Rio - Em Paris, maio de 1968, os estudantes foram às ruas para protestar contra o governo. A rebelião se irradiou mundo afora, e outros manifestos aconteceram, marcando a participação dos jovens no processo de emancipação política de diferentes povos. Na época, eles gritavam “abaixo a Universidade”, exigindo melhor sistema de ensino. Os cartazes estampavam frases, como “todo poder abusa”, “o poder absoluto abusa absolutamente” e “política passa-se nas ruas”.
No Chile, em 2011, os protestos tinham como foco os privilégios concedidos ao sistema de ensino privado, que se beneficiava dos avanços do modelo neoliberal implantado no país. A estabilidade econômica não foi suficiente para blindar a revolta dos estudantes.
No Brasil, neste 2013, os protestos que tomaram conta das ruas não têm semelhanças com os que aconteceram nesses países. A economia brasileira está entre os maiores PIBs do planeta. Em dez anos foram inseridos 30 milhões de consumidores no mercado. A taxa de juros está em níveis de 8,5% a.a, e o país têm bons indicadores de solvência internacional, mas falta sensibilidade aos governantes, que esqueceram essa juventude órfã.
O roqueiro Renato Russo, em canção, fotografou o perfil desses jovens: é a geração Eduardo e Mônica. Eduardo queria ir a uma lanchonete, enquanto Mônica gostaria de assistir a um filme do polêmico cineasta Jean-Luc Godard. No aspecto político, trata-se de um jovem de pensamento vazio e de uma garota que buscava na arte do cinema explicações que justificassem sua crise existencial.
Estamos diante de dilemas psicanalíticos; de sentimento de vazio; de ansiedade, de perda do ‘self’ e de senso trágico dos jovens retratado por George Herbert: uma nave ao léu, batendo contra tudo... Meu Deus, sou eu mesmo. O que está acontecendo com o Brasil?

Economista e analista político


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