Wadih Damous: Desafios para as UPPs
A criação das UPPs rompeu com uma política de enfrentamento que cobrava alto preço em vidas humanas e não garantia a presença do Estado nas comunidades carentes
Rio - A criação das UPPs rompeu com uma política de enfrentamento que cobrava alto preço em vidas humanas e não garantia a presença do Estado nas comunidades carentes. Depois de incursões policiais que deixavam mortos e feridos, bandidos retomavam o controle do território. Assim, elas foram um avanço, apesar de uma crítica justa: na sua implantação, foram privilegiados locais de interesse turístico ou ligados à Copa do Mundo e à Olimpíada.
Áreas da Baixada, da Zona Oeste ou de outras regiões pobres do Grande Rio foram esquecidas, apesar de populosas e com altos índices de violência. Em muitas houve campo livre para as milícias — quadrilhas formadas por agentes ou ex-agentes do poder público que praticam extorsão sobre moradores, tal qual a máfia.
Mas, onde chegaram, as UPPs trouxeram melhoria na qualidade de vida. “Ah, mas em muitos lugares o tráfico continua”, dizem alguns. Sim. Da mesma forma como existe em bairros de classe média. As UPPs não têm como objetivo central o fim das drogas, mas o fim do controle territorial por bandos armados.
“Ah, mas há casos de corrupção e de violência contra moradores por parte de policiais de UPPs”, afirmam outros. É verdade. Mas o modelo de polícia comunitária diminui a margem para isso.
Mas dois novos desafios se colocam. O primeiro é estender as UPPs às principais comunidades carentes, o que exige recursos humanos e materiais. O segundo é não permitir que o comandante da UPP se torne a única autoridade no local, árbitro em relação a assuntos estranhos à sua função.
É preciso que outros braços do Estado cheguem e as comunidades carentes transformem-se em bairros populares, com os serviços a que a população do asfalto tem acesso: saúde, educação, lazer, esportes etc.
Não é fácil. Mas é o caminho. Sem isso, as UPPs podem se perder.
Presidente da Comissão da Verdade do Rio e da Comissão de Direitos Humanos da OAB Federal
Áreas da Baixada, da Zona Oeste ou de outras regiões pobres do Grande Rio foram esquecidas, apesar de populosas e com altos índices de violência. Em muitas houve campo livre para as milícias — quadrilhas formadas por agentes ou ex-agentes do poder público que praticam extorsão sobre moradores, tal qual a máfia.
Mas, onde chegaram, as UPPs trouxeram melhoria na qualidade de vida. “Ah, mas em muitos lugares o tráfico continua”, dizem alguns. Sim. Da mesma forma como existe em bairros de classe média. As UPPs não têm como objetivo central o fim das drogas, mas o fim do controle territorial por bandos armados.
“Ah, mas há casos de corrupção e de violência contra moradores por parte de policiais de UPPs”, afirmam outros. É verdade. Mas o modelo de polícia comunitária diminui a margem para isso.
Mas dois novos desafios se colocam. O primeiro é estender as UPPs às principais comunidades carentes, o que exige recursos humanos e materiais. O segundo é não permitir que o comandante da UPP se torne a única autoridade no local, árbitro em relação a assuntos estranhos à sua função.
É preciso que outros braços do Estado cheguem e as comunidades carentes transformem-se em bairros populares, com os serviços a que a população do asfalto tem acesso: saúde, educação, lazer, esportes etc.
Não é fácil. Mas é o caminho. Sem isso, as UPPs podem se perder.
Presidente da Comissão da Verdade do Rio e da Comissão de Direitos Humanos da OAB Federal
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