Rio -  Há algum tempo foi aberta a temporada de caça aos mijões no Carnaval. Acusados de atentados ao pudor, os foliões que fazem xixi na rua são até presos, como noticiam os jornais, dando os números desses supostos criminosos apanhados em flagrante.
É preciso um pouco mais de bom-senso.
Em blocos que reúnem dezenas ou centenas de milhares de pessoas, tomando cerveja o tempo todo, é inevitável que, em dado momento, os foliões queiram fazer xixi. E sejamos claros: os banheiros químicos, instalados pela prefeitura, não dão conta da demanda e nem poderiam dar.
Não estou falando sequer da situação do Bola Preta, por exemplo, que, segundo a imprensa, reuniu este ano quase dois milhões na Avenida Rio Branco.
Mesmo no caso dos blocos médios e grandes, que hoje já têm 20 mil ou 30 mil pessoas, os banheiros químicos nem de perto resolvem o problema.
Ficam imundos e malcheirosos, com filas enormes. Em alguns casos até, depois de muito utilizados, levam a uma uma situação pior do que a criada pelo xixi avulso nasruas: como os dejetos não escoam, ficando guardados numa espécie de depósito na parte inferior da estrutura dos banheiros, a partir de um certo nível transbordam. Forma-se, então, um mar de urina e fezes.
Que fique claro, não sou contra a instalação dos tais banheiros químicos. Eles devem estar aí para quem queira usá-los.
Mas criminalizar os mijões, fazendo com que a PM os conduza a uma delegacia por atentado ao pudor, é absurdo sem tamanho.
Em vez disso, a prefeitura deveria organizar com a Comlurb um esquema semelhante ao usado nas feiras livres. Imediatamente após a passagem de um bloco, viriam os garis lavando e limpando as ruas.
Garanto que o resultado seria melhor do que a inútil — e injusta — criminalização dos mijões.
Jornalista