Rio -  E 2013 vai começar! Será que começa mesmo na próxima segunda? Será que vai dar tempo de guardar as fantasias, curtir os últimos blocos, o Desfile das Campeãs e, enfim, pegar duro no trabalho, no dia a dia enfadonho? Juntar o que sobrou do Carnaval? E a realidade que nos espera não é das mais cordiais, a gente sabe. A tal da vida real estará de volta com todas as contas e boletos pra pagar, com todos os engarrafamentos diários, com todas as mazelas que a gente deixa de lado até o Carnaval. Sim, porque todo mundo para no carnaval, todos os compromissos são adiados, tudo fica em compasso de espera. Tem sido sempre assim. Afinal somos brasileiros, somos o país do Carnaval, temos gingado, samba no pé, alegria no coração e nos dedicamos com afinco à folia.
Não quero ser mais realista que o Rei; todo mundo precisa e gosta desta trégua. É como se a vida da gente parasse pro Carnaval passar. É mais forte que qualquer feriado. É bom demais curtir o Carnaval. Os blocos param a cidade e sair de um bairro pro outro ou circular na Zona Sul, andar no seu próprio bairro, pode ser uma experiência infernal. Mas se você está no bloco, tomou sua cervejinha, pulou bastante, até inventou sua fantasia, isto não tem a menor importância. Concordo, é bom demais. Mas será que dá para parar de jogar lixo na rua, na praia e emporcalhar a cidade inteira? Mas hoje não quero só reclamar, quero falar da experiência diferente que fiz. Me afastei do Carnaval, fisicamente falando. Conscientemente. E achei bom demais.
E, claro, o sol forte ajudou muito a tornar a minha vida não carnavalesca mais alegre. Belos filmes como ‘Django, ‘Lincoln’, ‘Amour, ‘Hope Springs’ , ‘E se vivêssemos todos juntos’ e ‘Argo’ foram decisivos para que a minha temporada de reclusão fosse mais versátil e mais movimentada. Claro que vi uma boa parte dos desfiles, alguns lindíssimos como a minha querida Estação Primeira de Mangueira, ou a riquíssima Beija Flor, ou a bela Vila Isabel, ou a guerreira Grande Rio ou a criatividade da Unidos da Tijuca. Às vezes, os narradores irritam, falam demais.
Ana Paula Araújo fez a diferença e os comentários do grande Milton Cunha, a calma de Chiquinho Spinoza e a alegria de Pretinho da Serrinha me fizeram bem. Eu sei que não é a melhor maneira de ver o desfile, mas comentá-lo pelo Twitter foi uma boa experiência. Mas o prazer maior da temporada caseira foi mesmo o silêncio gerado pela folga dos operários das obras dos vizinhos e das explosões e furadeiras do irritante e barulhento metrô. Tomara que o Carnaval deles tenha sido bom. A ausência deles fez o meu ser espetacular. Pena, que acabou! O barulho chato já voltou. A vida real começou!