Unidos contra o preconceito
Moradores da Chatuba querem, através da música, mostrar que comunidade é do bem
POR RAPHAEL BITTENCOURT
Rio - A chacina da favela da Chatuba, em Mesquita, completou seis meses na sexta-feira e, para não deixar passar em branco o aniversário da morte dos seis jovens mortos por traficantes, a Conexão CHM, formada por DJ’s, MC’s e produtores da favela, e a ONG ComCausa se uniram no dia 6 numa manifestação pública. O objetivo era lembrar a tragédia, mostrar que a Chatuba não é terra só de bandidos e divulgar o trabalho dos moradores.
A música “Só Queremos Respeito”, de Mc Fael, é exemplo do que as entidades pretendem. A letra diz: “Qualquer um que é da Chatuba, vocês falam que é bandido. Parem de preconceito, pois não aguentamos mais”.
Grupo faz reunião, relembra chacina de 2012 e pede ajuda para mudar a imagem negativa da comunidade | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Adilex Dias, o Dilek Mc, explica que os moradores não são bem-vistos por viverem na favela. “Nosso objetivo é mostrar que aqui tem gente do bem, que quer trabalhar e vencer na vida”, diz.
O funk foi criado pelo grupo após a chacina de setembro. Desde então, cada vez mais jovens fazem parte do Conexão CHM. “Começamos com dez e hoje somos mais de 40. Pela música, evitamos que jovens se envolvam com o crime e fazemos que caminhem do lado do bem”, diz Cláudio de Sá, o Mc Grilo.
Os membros da Conexão reclamaram que, desde a ocupação da Chatuba pela PM, foram impedidos de promover bailes ou festas em que toquem seus funks. A informação surpreendeu o fundador da ComCausa Adriano Dias, que vai pedir a liberação das comemorações ao comandante do 20º BPM (Mesquita) tenente coronel Max Fernandes. “É heroico o trabalho que esses jovens fazem. A música que estão produzindo vale mais que 50 tanques entrando na comunidade”.
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