domingo, 19 de maio de 2013

Investimento bilionário para proteger a Copa e as Olimpíadas


Investimento bilionário para proteger a Copa e as Olimpíadas

Em parceria com a FAB, governo dará atenção especial à defesa do espaço aéreo brasileiro e aos aeroportos do país

BRUNO DUTRA
Rio - Abandonar o avião em pleno voo, ficar repentinamente sem ar e até desmaiar e ter alucinações não são situações comuns, mas podem surpreender os pilotos de aviões. Desta maneira, é preciso que os aeronavegantes estejam preparados para trabalhar sob estas condições.
Treinamento de ejeção: os militares são submetidos a testes que envolvem riscos técnicos e físicos
Foto:  Divulgação
O treinamento é feito em uma das bases da Aeronáutica, na Zona Oeste do Rio, e é destinado a garantir a segurança dos grandes eventos que vão ocorrer até 2016 no país. Cerca de R$700 milhões devem ser investidos no preparo da defesa nas partidas de futebol da Copa de 2014. No total, os gastos vão chegar a R$ 1,5 bilhão.
Os primeiros eventos que vão testar a defesa interna brasileira se aproximam e muitos se perguntam: o Brasil está seguro e preparado? A primeira prova de fogo será a Copa das Confederações, no próximo mês e, em seguida, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) entre 23 e 28 de julho.
DEFESA DO CÉU E DA FRONTEIRA
Parte da segurança será feita pela Força Aérea Brasileira (FAB), que prepara centenas de pilotos e paraquedistas que protegerão os céus e as fronteiras do país. No Instituto de Medicina Aeroespacial (Imae), os pilotos recebem treinamento de ponta para que estejam preparados para situações emergenciais de voo ou possíveis ataques terroristas ao país. As equipes têm treinamento que envolvem riscos técnicos e físicos com uso de equipamentos especiais.
Na câmara hipobárica, que simula uma cabine de avião para testes de altitude, pilotos e paraquedistas precisam, por exemplo, ficar atentos a riscos da falta de oxigênio — treinamento que exige precisão e conhecer os limites do próprio corpo.
“Nós destacamos o preparo do fator humano para a segurança de voo. É necessário eles conhecerem seus próprios limites, assim, conseguimos preparar os que vão atuar na defesa do espaço aéreo”, explica a capitã Mônica Barreto Santos, coordenadora dos testes.
O instituto dispõe ainda, de equipamentos para prática de ejeção em aeronaves (foto ao lado), visão noturna e desorientação espacial — aprendizado rotineiro que prepara as tropas para situações de conflito, ataques e pânico, possíveis durante as competições.
“O treinamento ocorre em etapas: teoria e prática. Damos ênfase, principalmente, em mostrar como é importante conhecer os sinais fisiológicos durante a preparação para saber como se deve agir em casos de despressurização de aeronaves”, destaca o tenente-coronel Ricardo Kanashiro, diretor do Imae.
O ataque terrorista na maratona de Boston, nos Estados Unidos, acendeu, no Brasil, o sinal de alerta quanto à segurança para os megaeventos que acontecerão este ano e culminam no dia 21 de agosto de 2016, data de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio. Por isso, o treinamento vem sendo intensificado.
Preparo para situações extremas
Em casos de conflito, quando o avião é atacado por um caça inimigo, por exemplo, o piloto deve decidir sozinho quando ejetar, ou seja, acionar um mecanismo no assento para, em apenas um impulso, abandonar a aeronave .
“Neste caso, a orientação fica por conta do correto posicionamento do corpo. O objetivo é que o tripulante se adapte para abandonar o avião, caso necessário”, destaca o tenente-coronel Ricardo Kanashiro.
A FAB também se prepara contra ameaça de infiltrações terrestres com a tropa de fuzileiros de selva. Com isso, a fronteira brasileira ganha importante reforço durante os megaeventos esportivos.
PRIORIDADES
O apoio operacional da Força Aérea Brasileira (FAB) terá como função principal planejamento, segurança e manutenção para que o tráfego aéreo seja rápido, seguro e ordenado, principalmente no Rio, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza que receberão jogos da Copa das Confederações.
A PolíciA Federal aumentará em 832% o quadro de pessoal que atua no aeroporto de Brasília e em 477% em Fortaleza. A Anac ampliará em 133% a equipe do Galeão e 114% em Guarulhos. A média de aumento da força de trabalho, no geral, será de 77%.
Para coordenar as ações de planejamento do setor aéreo foi criado o Centro de Comando e Controle Nacional, que funcionará 24 horas por dia de 12 de junho a 3 de julho, nas instalações do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), no Rio.
No Centro de Comando haverá integração de todos os órgãos prestadores de serviços públicos aos aeroportos, companhias aéreas e operadores aeroportuários: Infraero, GRU Airport em Guarulhos, Inframérica, em Brasília, e Aeroportos Brasil, no aeroporto de Viracopos, em Campinas, Interior de São Paulo.
Para atender a demanda nos aeroportos durante os grandes eventos, a Aeronáutica tem formado 300 controladores de voo por ano.
Os quatro Centros Integrados de Defesa e Controle (Cindacta) receberão o sistema Sagitário, software nacional criado pela empresa Atech, capaz de processar informações de radares e satélites para rápido cruzamento de dados.

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