Brasília -  O ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a criticar quinta-feira o tom usado na última quarta-feira pelo ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão. “É uma falta de urbanidade”, assinalou, referindo-se às colocações de Barbosa acerca do voto do revisor Ricardo Lewandowski.
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'Como é que ele vai coordenar o Tribunal?', questionou ministro | Foto: Divulgação
Marco Aurélio também questionou a futura gestão de Joaquim Barbosa no comando da Corte, prevista para novembro, quando o atual presidente, Carlos Ayres Britto, aposenta-se. “Como é que ele vai coordenar o Tribunal? Como ele vai se relacionar com os demais órgãos, com os demais Poderes? Não sei, mas vamos esperar. Nada como um dia após o outro”, disse o ministro.
“É ruim o clima que fica. Não há espaço para isso, a divergência em colegiado é a coisa mais natural. Mas ele fica incontido, né? O ministro Lewandowski, justiça se faça, leu todo processo e está trazendo elementos. Quando houve o primeiro atrito, ele [o ministro-relator] foi muito áspero, agressivo e eu disse que não tinha gostado da sessão”, analisou, sobre o mal-estar causado durante os embates entre o relator e o revisor no julgamento.
O ponto alto da discussão entre Barbosa e Lewandowski ocorreu na sessão de ontem, quando o revisor falava que não tinha certeza sobre a participação do então secretário informal do PTB, Emerson Palmieri, no esquema. Para Joaquim Barbosa, o ponto de vista do revisor foi uma afronta ao seu trabalho, pois todas as provas contra Palmieri estão demonstradas no processo. “Nós, como ministros do STF, não podemos fazer vista grossa das situações”.
Os comentários de Barbosa provocaram indignação de Lewandowski, que sugeriu que o ministro peça ao colegiado a retirada da figura do revisor das ações penais. O ministro Marco Aurélio saiu em defesa do colega dizendo que ninguém faz vista grossa no STF. “Cuidado com suas palavras. Vamos respeitar os colegas. Agressividade não tem lugar nesse plenário”, disse Marco Aurélio a Barbosa, na sessão da última quarta-feira.
Sobre a divergência relativa ao crime de corrupção ativa, Marco Aurélio explicitou seu ponto de vista. “Quem recebe, recebe alguma coisa de alguém. A tendência é esclarecer quem implementou a entrega. Quem implementou comete o crime de corrupção ativa. As coisas estão interligadas. O dinheiro não caiu do céu”, observou o ministro.