São Paulo -  Para o ator Duda Ribeiro “nascer de novo” aos 49 de idade ele precisou de dois pilotos de avião, uma equipe de saúde de um Hospital no Rio de Janeiro e a decisão difícil de uma mãe que perdeu o filho aos 17 anos em um acidente no Paraná.
Padrinhos da campanha de doação: o ator Duda Ribeiro, que recebeu um fígado em 2011, o ator José de Abreu, defensor da causa, e Nívea, que ganhou um coração | Foto: Divulgação
Padrinhos da campanha de doação: o ator Duda Ribeiro, que recebeu um fígado em 2011, o ator José de Abreu, defensor da causa, e Nívea, que ganhou um coração | Foto: Divulgação
“São só algumas das pessoas que participaram do meu transplante de fígado realizado em 2011. Todos eles permitiram hoje eu comemorar um ano e oito meses de vida”, disse Duda em um evento realizado em Brasília nesta quinta-feira, data em que é celebrado o Dia Nacional do Doador de Órgãos. No evento, o Ministério da Saúde divulgou um aumento de 12,7% nos transplantes realizados em 2012.
“Era uma terça-feira, perto do meio dia. O telefone tocou e no visor do celular apareceu o número do médico. Suspendi o almoço e aguardei a nova vida que anunciava”, lembra ele para narrar o enredo cinematográfico da sua vida real e que permitiu, acredita, a escalação para o elenco da próxima novela global das 21h, chamada de Salve Jorge e que substitui Avenida Brasil.
Duda Ribeiro enfrentou um câncer, chegou a pesar 50 quilos e conviveu com a falência do fígado provocada pelas 12 sessões de quimioterapia vivenciadas nos últimos três anos. No período, foram três chamados telefônicos que avisavam da possibilidade de um órgão compatível. Nenhuma se concretizou.
Naquela terça-feira, a história parecia ser outra. Para o transplante virar realidade, os pilotos de avião do Exército Brasileiro precisariam enfrentar a tempestade e a falta de teto para voar, tudo com o intuito de buscar o fígado em Cascavel, cidade paranaense e local onde uma mãe acabara de perder um filho de 17 anos.
“Mesmo nesta situação delicada, a família conseguiu não pensar só na própria dor. E decidiu pensar em outra pessoa aceitando a doar os órgãos do jovem. Sou eternamente grato”, afirmou Duda.
O órgão foi captado no Paraná e levado para o Rio de Janeiro. Quase 20 horas após Duda fazer a última refeição – “resolvi pedir comida japonesa, a minha preferida”, lembra –, ele deitou na maca de um hospital público do Rio de Janeiro para entrar nas estatísticas brasileiras de transplantes.
Os dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde indicam que as 12.342 cirurgias do tipo realizadas no primeiro semestre de 2012 somam um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
O recorde histórico apontado pelo governo federal dribla a recusa de muitas famílias em fazer a doação. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgão (ABTO), diariamente seis possíveis doadores são perdidos. A recusa familiar chega a 63%, informa o último relatório da entidade .
Para Nívea Maria Castro Alves, 12 anos, a família de Davi disse “sim”. Foi isso que permitiu a menina, moradora de Fortaleza (Ceará) estar viva aos 12 anos. Quando tinha 4 de idade, ela recebeu um coração. E hoje, em gratidão, chama a mãe de Davi, o menino que virou doador após a morte encefálica, de “mãe”.
Os números:
- 12.287 transplantes realizados no primeiro semestre de 2012
- Rim: 2689 – aumento de 14%
- Coração: 108 – aumento de 29%
- Pulmão: 30 – aumento de 100%
- Pâncreas: 12 – estável
- Pâncreas/Rim: 55 – estável
- Fígado: 801 – aumento de 13%
- Córnea: 7777 – aumento de 13%


As informações são de Fernanda Aranda do iG