Rio -  A Biblioteca Pública de Niterói vai além do incentivo à leitura. Diante da grande quantidade de moradores de rua que visitavam o prédio para acessar à internet a aproveitar o ar-condicionado, a direção decidiu desenvolver atividades de inclusão social, informou o governo do estado.

Aos poucos, a aproximação dos funcionários foi decisiva na orientação de pesquisas, na emissão de documentos e no encaminhamento para albergues. O resultado transformou a vida desses frequentadores e deu ao espaço o direito de ser o único no Brasil aceito como membro da comunidade internacional de bibliotecas Beyond Acess. O trabalho em Niterói foi apresentado em uma conferência em Washington, capital dos Estados Unidos.
Biblioteca Pública de Niterói | Foto: Divulgação
Biblioteca Pública de Niterói | Foto: Divulgação


Ex-moradores da Rua Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, Eduardo Bispo, de 21 anos, e Jaqueline Paixão, 19, consideram que tiveram suas esperanças renovadas com o apoio da biblioteca. Incentivados a regularizar os documentos, conseguiram sair da rua com o trabalho de reciclagem, alugaram um quarto e reconquistaram a custódia do filho de sete meses novamente.

“Não acreditava nem que poderia entrar na biblioteca mal vestido. Estava desacreditado e aprendi que poderia seguir em frente”, disse Eduardo, que gosta de acessar a internet e ler biografias.
UM ESPAÇO DIFERENTE

As mudanças da biblioteca surgiram após a reforma do Governo do Estado, finalizada em julho do ano passado. Com mais de 50 mil obras no acervo, entre livros e DVDs, a biblioteca oferece oficinas culturais, leituras dramatizadas, palestras e visitas guiadas. Cinquenta computadores e 24 notebooks estão espalhados pelas salas para pesquisa na internet.

Ludoteca (com brinquedos educativos para crianças) e sala de audiovisual completam as instalações. A combinação do antigo com o novo transformou a biblioteca num point. “Nós nos reinventamos: montamos oficinas, desenvolvemos trabalhos com crianças e incentivamos a cidadania de moradores de rua”, afirmou a diretora Glória Blauth.