Rio -  Um dos pratos mais festejados durante o Carnaval carioca, a feijoada, promete ficar mais salgada para o folião nas próximas semanas. É que o preço do feijão vai subir até 20% por conta da queda da safra, do clima instável e a redução da área plantada nos principais estados produtores no país. A combinação desses fatores deixou os preços mais salgados e pressionou a inflação. Isso forçará o carioca a colocar mais água no feijão para o prato render.
Girlene Martins diz que, mesmo sendo alimento básico, muitas famílias já cortaram o feijão do dia a dia | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Girlene Martins diz que muitas famílias já cortaram o feijão do dia a dia | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
“No Rio, dependendo da marca, o quilo fica entre R$ 3 e R$ 4. Porém, se a quebra da safra se confirmar, o preço vai beirar os R$ 5”, especula o presidenteda Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio, José de Souza e Silva.
Nessa semana, na Ceasa, a saca de feijão de 30 quilos estava entre R$ 90 e R$ 92, mas estima-se aumento entre 10% a 20% para o comércio. Em um levantamento nas principais redes de supermercados do Rio, o consumidor encontra o quilo de feijão preto variando de R$ 3,25 a R$4,18, de acordo com a marca do produto escolhido.
OFERTA APERTADA
Gerente de Levantamento e Avaliação de Safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Olavo de Souza afirma que a primeira safra de feijão do ano teve uma queda de produção na ordem de 4%. Foram colhidas 50 mil tonelada a menos.
“A oferta está apertada. Sabemos o peso do feijão tanto na mesa do brasileiro quanto nos índices de inflação. Porém, apenas no próximo levantamento, a ser divulgado no início de março, é que poderemos dimensionar qual foi o grau de quebra e o real custo do feijão para o consumidor final”, explica Olavo de Souza.
Consumidor percebe aumento no bolso
A nutricionista Christinna Azevedo diz que, além de ser o prato preferido do brasileiro, a combinação arroz com feijão é a mais rica em termos nutricionais. Porém, se for necessário substituir o feijão por conta do preço, ela recomenda ervilha, lentilha, grão de bico ou soja, que apresentam o mesmo nível energético, de vitaminas e minerais. O pacote de 500 gramas de ervilha pode ser encontrado a R$ 2,89.
A secretária Girlene Martins, 30, afirma que o preço do feijão já está mais alto e que muitas famílias estão cortando o produto da mesa. Gerente do mercado Cometa, na Praça da Bandeira, Adriano dos Santos diz que, com a alta do preço produto, o consumidor está priorizando marcas mais baratas na hora da compra.
IPCA de janeiro foi de 0,86%
O grupo de alimentos e bebidas continua como o vilão da inflação neste início de ano. O feijão, porém, não foi a principal causa da aceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 0,79% em dezembro do ano passado para 0,86% em janeiro, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por conta das adversidades climáticas, o índice do grupo alimentação passou de 1,03% em dezembro para 1,99% em janeiro. Entre os destaques de alta estão o tomate (26,15%), a batata-inglesa (20,58%), a cebola (14,25%), as hortaliças (10,86%) e a cenoura (9,83%).
Considerado o índice oficial da inflação, o IPCA de janeiro de 0,86% é o maior índice mensal desde abril de 2005 (0,87%) e o mais elevado para meses de janeiro desde 2003 (2,25%). Em janeiro de 2012, o IPCA havia ficado em 0,56%.