Rio -  O clima é de tensão em frente ao antigo Museu do Índio, na Maracanã, Zona Norte do Rio, na manhã desta sexta-feira. Homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChq) cercam o local e há o risco de uma invasão a qualquer momento. O imóvel está ocupado por índios de várias etnias, mas o governo quer contruir um museu olímpico no local. O prazo para que os índios deixassem o imóvel, determinado pela justiça federal, terminou à meia-noite desta quinta-feira.
Por volta de 7h40, cerca de sete índios deixaram o prédio espontâneamente por uma escada no muro, entre eles o cacique Tucano. O portão continua trancado por barricadas. Os índios saíram carregados mochilas e pequenas malas. Os demais ocupantes continuam dentro do imóvel e se recusam a sair. 
"Os índios estão no muro da aldeia negociando com representes da Alerj, do governo do estado e policiais. O que eles querem é que um índio saia em paz e vá negociar com o governador Sérgio Cabral", disse o índio Afonso Apurinã, que estava no antigo museu desde o início da ocupação, em 2006.
Por volta das 9h20, a advogada Ana Amélia Melo Franco chegou ao local com um mandado de segurança contra a ação do governo, impetrado no 24º Juizado Especial Civel da Barra da Tijuca. O desembargador Mario Robert Mannheimer concedeu a liminar, que impede o despejo dos índios. A advogada também entrou com ação popular com 280assinaturas, afirmando que a medida do governo é irregular e que a documentação de posse do imóvel é obscura. A Secretaria de Assistência Social, no entanto, nega a informação.
Policiais da Tropa de Choque cercam o antigo Museu do Índio | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Policiais da Tropa de Choque cercam o antigo Museu do Índio | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Durante a madrugada, manifestantes simpatizantes com a causa indígena chegaram a bloquear a pista da Radial Oeste e a polícia reagiu com bombas de efeito moral e gás de pimenta. Duas pessoas foram presas. Mesmo com a liberação da via, o trânsito apresenta retenções ao longo da Radial Oeste, sentido Centro, porque carros do Batalhão de Choque ocupam duas faixas da via na altura do casarão do antigo museu. O trânsito também é lento no sentido Zona Norte. 
Índios recebem proposta
Indígenas que vivem na Aldeia Maracanã se reuniram com representantes da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos nesta quinta-feira. Eles apresentaram novas propostas ao grupo.
A Secretaria ofereceu três locais para que os índios fiquem até que seja construído o Centro de Referência da Cultura Indígena, na Quinta da Boa Vista. Os locais ficam em Jcarepaguá, na Zona Oeste, ou em Bonsucesso e perto do Morro da Mangueira, na Zona Norte. Os índios se queixam de que o governo não deu garantias da construção do Centro na Quinta da Boa Vista e por isso não querem deixar o antigo museu, no Maracanã. 
Parte dos ocupantes desiste da resistência e deixa o prédio do antigo museu | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Parte dos ocupantes desiste da resistência e deixa o prédio do antigo museu | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia