Rio -  Comprometimento, participação, seriedade, amadurecimento, reflexão, segurança, confiança, solidariedade, atenção, gentileza, respeito, concentração e quase sempre silêncio. A lista do que esperamos dos adolescentes, em especial na sala de aula, é, com certeza, muito maior do que esta. Mas já revela o quanto, nós, adultos, e em especial professores, exigimos deles. Acho que ser jovem nos dias atuais é bem mais complexo do que no passado. Pode parecer papo de gente mais velha, mas é verdade. Essas exigências são perfeitamente compreendidas; afinal, queremos que os alunos se tornem melhores do que nós. Mais competentes, inteligentes e completos.
Sinceramente, talvez, em certos momentos, não dosamos de forma adequada nossasações  e intenções. Esquecemos o quanto esses adolescentes também são cobrados como filhos, netos, irmãos, consumidores, amigos, namorados. Isso tudo junto e misturado é ou não é complexo? Difícil, às vezes, para controlar, responder à altura, ao que é esperado por nós e pelos outros.
Acredito que a relação professor e aluno, da mesma forma que a cada dia que passa é mais estressante e, em alguns casos, foge do controle, é também (ou deve ser) mais próxima, humana e baseada no diálogo. O que pode contribuir para desencadear uma das duas direções, com certeza, é o sentido que a escola tem na vida dos estudantes.Transmitir apenas conhecimento não é mais suficiente. Se o papel da escola fizer mais sentido no dia a dia dos estudantes, talvez, as exigências sejam vistas por outro ponto de vista.
Compreendo quando alguns professores falam que aluno não é amigo, que não é preciso criar laços além da sala de aula. É necessário estabelecer limites, como em todas as relações. Mas qual é a relação de aprendizagem que se estabelece sem nenhum tipo de afeto, proximidade?
Como é bom ser lembrado pelos estudantes pela palavra amiga, pela preocupação, pelo incentivo, pela seriedade e pela troca de conhecimento e experiência. São poucas as profissões, para não dizer a única, que possibilita este contato que, na prática, fica na memória. Quem é que não tem uma boa história para contar?
Professor e jornalista especializado em Educação e Mídia