Rio -  A escolha do Papa Francisco como novo representante da milenar Igreja Católica nos traz algumas reflexões quanto ao novo momento que podemos ter no mundo, marcado por intolerâncias e guerras antigas, mas, acima de tudo, de muita injustiça social. Francisco pode ser um divisor de águas, principalmente nos países ainda chamados subdesenvolvidos.
Ser oriundo da América Latina foi algo pensado pela instituição no que diz respeito a retomar a popularização da religião, que nos últimos anos perdeu espaço para os protestantes. As diversas denúncias de pedofilia e até corrupção também foram fatos que, segundo especialistas, contribuíram para perdas de fiéis.
Mas o fato é que no universo latino-americano estão países cujo catolicismo é muito forte, dentre eles o Brasil, país com o maior número de seguidores. Ter um Papa da vizinha Argentina nos traz a sensação de que nossas mazelas, como a péssima distribuição de renda e alto índice de criminalidade, serão muito mais reconhecidas por sua Santidade do que por seus antecessores, de origem europeia, cuja realidade é bem diferente.
Sabemos que o Papa está além de fronteiras; porém, nos parece bem mais provável alguém que frequentou favelas e beijou o pé dos humildes lute por uma sociedade mais humana. Que faça um papado com menos discurso e mais voltado a reconhecer e lutar pelos pobres e desfavorecidos.
Francisco simboliza não só uma renovação no catolicismo mundial, mas também uma nova era, onde a palavra de ordem deve ser a tão sonhada paz. Sua simplicidade notoriamente pode tocar os mais poderosos, sensibilizando-os quanto aos inúmeros problemas causados por um mundo capitalista e desigual.
Advogado criminalista