Índios da Aldeia Maracanã vão conhecer terrenos oferecidos pelo estado
POR PALOMA SAVEDRA
Apesar disso, ainda há divergências entre os índios e muitos afirmam que vão continuar lutando pelo imóvel do antigo museu. A índia Namara, da etnia Guajajara, afirma que vai continuar brigando pelo prédio, para que o imóvel se torne um centro de referencia da cultura indígena.
Confusão entre policiais do Batalhão de Choque da PM e manifestantes | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
O cacique Carlos Tucano, também está provisóriamente no hotel e foi visitar os terrenos. Ele lamentou o confronto violento entre o Batalhão de Choque e ocupantes da Aldeia Maracanã na manhã desta quinta.
Helicóptero da PM nos arredores da Aldeia Maracanã | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Batalhão de Choque invade antigo Museu do Índio
Policiais do Batalhão de Choque invadiram a Aldeia Maracanã, no prédio do antigo Museu do Índio, na Zona Norte, por volta das 11h50 desta sexta-feira. Na ação, foram ouvidos dois tiros vindos de dentro da aldeia e houve confusão e confronto entre índios e policiais, que usaram gás de pimenta. Manifestantes que apoiam a causa dos indígena, chegaram a bloquear as pistas da Radial Oeste, em frente ao imóvel.
Quando a polícia invadiu o prédio, parte dos índios já havia deixado a aldeia pacificamente, mas um grupo decidiu ficar para fazer um ritual. Entre eles, havia crianças. Nesse momento, a Tropa de Choque invadiu e agiu com truculência contra o grupo. Antes da invasão, os ocupantes atearam fogo em uma oca, dentro da aldeia. O Corpo de Bombeiros foi chamado para controlar as chamas.
A polícia também respondeu com violência ao bloqueio da Radial Oeste e usou cacetetes, bombas de efeito moral e gás de pimenta contra os manifestantes. Alguns deles foram detidos.
Confusão entre PMs e manifestantes no Museu do Índio
Polícia invade Aldeia Maracanã e retira indígenas. Gás de pimenta e bombas são usadas para dispersar multidão e manifestantes são detidos
O defensor público federal, Daniel Macedo, que estava no local, acredita que a polícia agiu com violência desnecessária.
"Já havia um acordo. Foram pedidos 10 minutos para que os índios deixassem o imóvel de forma pacífica. A polícia não esperou esse tempo. Antes do prazo, eles invadiram o prédio", disse o defensor. "Não precisava terminar desse jeito. A polícia foi truculenta", completou ele, em entrevista para o canal 'Globo News'.
O relações públicas da PM, coronel Frederico Caldas afirmou que os homens do choque tiveram que invadir o prédio para preservar o imóvel.
Entorno do Maracanã se tornou verdadeiro campo de guerra | Foto: Confusão entre policiais do Batalhão de Choque da PM e manifestantes
Caldas ainda justificou a invasão afirmando que somente os manifestantes continuavam dentro do terreno. "Não havia mais índios no prédio., apenas manifestantes, que disseram que estavam fazendo uma resistência cultural. Eles começaram a fazer uma dança em volta do fogo e continuaram a colocar fogo no local", afirmou.
Acordo pela paz fracassa
Segundo o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ), que ajudava na negociação entre representantes indígenas e policiais, o grupo seria levado diretamente para verificar o novo terreno destinado a eles, em Jacarepaguá. De acordo com o deputado, a proposta do governo já estaria sendo redigida por oficiais de Justiça.
Policiais da Tropa de Choque cercam o antigo Museu do Índio | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Advogado é preso em confronto com policiais
Mais cedo, por volta das 9h20, índios e manifestantes em favor da causa entraram em pequeno confronto com policiais do Batalhão de Choque da PM na frente do imóvel, na Radial Oeste.
A confusão começou quando o advogado dos índios Aarão da Providência quis entrar no casarão. Os ocupantes tentaram puxá-lo para dentro, enquanto policiais impediam sua entrada. Manifestantes que estavam próximos correram para ajudar os índios e a polícia reagiu com gás de pimenta. O advogado foi jogado no chão por PMs, que pisaram em sua cabeça e o levaram preso. Cerca de 20 minutos depois, o advogado foi solto, para servir de interlocuror na negociação.
Uma mulher grávida também tentou furar o bloqueio policial e entrar na aldeia. Ela foi contida com força excessiva pelos PMs e presa. Por causa do uso do spray de pimenta um menino indígena de cerca de 4 anos passou mal dentro de aldeia.
Minutos mais cedo, a advogada Ana Amélia Melo Franco chegou ao local com um mandado de segurança contra a ação do governo para remoção dos índios, impetrado no 24º Juizado Especial Civel da Barra da Tijuca. O desembargador Mario Robert Mannheimer concedeu a liminar, que impede o despejo dos índios. A advogada também entrou com ação popular com 280 assinaturas, afirmando que a medida do governo é irregular e que a documentação de posse do imóvel é obscura. A Secretaria de Assistência Social, no entanto, nega a informação.
Clima de tensão em frente ao antigo museu
O clima é foi de tensão em frente ao antigo Museu do Índio, na manhã desta sexta-feira. Homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChq) cercaram o prédio desde a madrugada. O imóvel estava ocupado por índios de várias etnias desde 2006, mas o governo quer contruir um museu olímpico no local. O prazo para que os índios deixassem o imóvel, determinado pela justiça federal, terminou à meia-noite desta quinta-feira. O índios, no entanto, se recusavam a sair.
Por volta de 7h40, cerca de sete índio deixaram o prédio espontâneamente por uma escada no muro, entre eles o cacique Tucano. Os índios saíram carregando mochilas e pequenas malas. Os demais ocupantes, cerca de 50 pessoas, incluindo crianças, continuaram dentro do imóvel e se recusaram a sair.
Durante a madrugada, manifestantes simpatizantes com a causa indígena chegaram a bloquear a pista da Radial Oeste e a polícia reagiu com bombas de efeito moral e gás de pimenta. Duas pessoas foram presas.
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