Rio -  Quem investe em cultura? Quem aplica mais recursos para ajudar a moldar a alma mais fraterna do país, seu espelho mais verdadeiro, e que sempre foi o processo cultural de um povo? Quem arrisca naquilo que os sovinas e os embrutecidos de espírito repudiam e desprezam?
Pois já estão abertas as inscrições para o mais original dos prêmios culturais: a vetusta (bicentenária) Associação Comercial do Rio lança o Prêmio Barão de Mauá para a cultura. Não, não é uma premiação destinada aos artistas, aos que provocam o fazimento cultural, como os da música, teatro, cinema ou museus.
Trata-se de proclamar — daí eu considerá-lo singularíssimo e exclusivo — quem compartilha a cultura patrocinando-a, promovendo-a através de investimentos e aplicações que podem (ou não) vir acompanhadas de leis de incentivo.
Ou seja, são prêmios para empresários que têm a visão e o descortínio de abraçar a solaridade que emana do fluir das boas ideias, dos projetos que defendem os mais diversificados setores da arte, que podem ir da memória musical ou do audiovisual ao restauro do patrimônio arquitetônico. Essa abrangência generosa já tem estrelas sedimentadas no orgulho nacional.
Empresas como Petrobras, Vale, Eletrobrás e Light, isso para não citar as telefonias ou mesmo alguns bancos (esses, infelizmente, mais discretos), são tradicionais estimuladores do processo vital ao qual me refiro.
Fez muitíssimo bem a Casa de Mauá, que também alavanca as ideias gerais da ‘classe empresarial’ (embora eu deteste o termo), em voltar-se para a solidariedade e adesão àqueles que mais e melhor investem uma mínima parte de seus ganhos (que seja) em cultura.
Este Prêmio Barão de Mauá já não é mais uma boa ideia de convergência social. É, sobretudo, uma necessidade para contemplar quem procede de olhos abertos e fraternos em suas empresas, na esperança de termos um país mais justo e socialmente mais equilibrado.
Ricardo Cravo Albin é presidente do Instituto Cultural Cravo Albin