Rio -  “Dormir bem” é hábito propagado pelos médicos como receita universal para a boa saúde. Mas dividir a cama com alguém pode comprometer os mecanismos de descanso e ser gatilho de dores, fadiga, insônia e até doenças cardiovasculares.
A famosa posição de “conchinha”, em que os parceiros iniciam o sono abraçados, em posição fetal, um coladinho no outro, pode até representar carinho entre os parceiros, mas nem sempre favorece os dois envolvidos.
Posição romântica pode ser prejudicial na hora do sono | Foto: Reprodução Internet
Posição romântica pode ser prejudicial na hora do sono | Foto: Reprodução Internet
“A cabeça de quem é abraçado pode pressionar o braço de quem abraça, uma região sensível, com muitos nervos. Após horas nesta mesma posição, o resultado pode ser dor, dormência e dificuldade para dormir. A longo prazo, o resultado pode ser uma lesão”, afirma a quiropraxista Bia Pimentel, diretora da clínica QuiroVida, que recebe pacientes com dores nas costas, muitas resultantes da posição inadequada durante o sono.
Não é somente a posição conchinha que interfere na paz entre os lençois. Segundo a médica especialista em sono, Ângela Beatriz Lana, o ritmo de descanso dos parceiros é diferente e as condutas distintas na hora de dormir e acordar podem ter consequências negativas para o organismo.
“Os ritmos de sono são individuais. Ter o hábito de assistir televisão na cama ou ler antes de dormir pode atrapalhar o descanso do outro”, comenta ela, que é especialista pela Universidade Federal de Minas Gerais.
“Despertar em horários diferentes sempre pode fazer barulho e ainda há a falta decuidado em acender a luz. Neste contexto, há ainda as preferências diferenciadas por cobertas, temperatura do ar condicionado e espaço ocupado no colchão”, pontua a médica.
Tudo isso compromete o descanso alheio, em especial quando há sensibilidade à claridade e aos sons. Falta de sono, já endossaram os cardiologistas, faz mal ao coração . Os endocrinologistas ressaltam ainda que é mais difícil emagrecer para quem não dorme as preconizadas oito horas por noite.
Ronco e insônia
Por falar em barulho, o ronco do outro é mais um culpado recorrente entre as justificativas para a dificuldade de dormir. Tanto é assim que um mapeamento feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) contabilizou os problemas do sono mais frequentes na população brasileira e descobriu que insônia, com 42%, e apneia, com 33%, são os mais numerosos.
Nos consultórios médicos especializados, afirmam os especialistas, as duas doenças costumam aparecer de forma simultânea. Entre os casais, as noites em claro reclamadas por um paciente – o sinais clássicos da insônia – costumam ter origem no ronco excessivo de quem está ao lado, o sintoma mais frequente da apneia.
“Não é só o barulho que incomoda. As mulheres, principalmente, não conseguem descansar porque ficam aflitas, já que o ronco dos apneicos atrapalha a respiração, fazendo com que eles fiquem sem respirar por alguns segundos, o que é angustiante para quem assiste.”
Antes só...
A boa notícia é que uma revisão de estudos sobre o sono, feita por neurologistas da Universidade de São Pittsburgh (EUA), concluiu que quando um dos parceiros recebe tratamento para problemas como apneia, automaticamente, melhora a qualidade de sono do outro.
Foto: EFE
Foto: EFE
O fato é que as necessidades de sono são individuais e o tema é de difícil negociação entre o casal. Isso não significa que o “sonos dos justos” seja um privilégio exclusivo dos que dormem sozinhos. Ao contrário. O mesmo levantamento feito por pesquisadores norte-americanos alertou que dividir a cama faz com que as pessoas despertem com níveis menores de cortisol, conhecido como hormônio do estresse, e níveis maiores de ocitocina, chamado de hormônio do amor e da felicidade.
Dicas
A dica de Ângela Beatriz Lana para desfrutar só das vantagens de dormir com outra pessoa é respeitar as características de cada um.
“Se for sensível à claridade, use máscara. Caso se incomode com o barulho, utilize plug no ouvido”, orienta.
Além disso, é importante cada um escolher o travesseiro mais adaptado às posições em que costuma dormir (de lado, travesseiro mais indicado é o baixo; de barriga para cima, o travesseiro sugerido é o mais alto; para todos, é orientado evitar dormir de bruços). Sempre é bom virar o colchão de vez em quando. Com o passar do tempo ele fica 'viciado' nas formas do corpo e pode comprometer o descanso. Levando tudo isso em consideração, é só desfrutar dos bons sonhos, sozinho ou acompanhado.
As informações são do IG