Frei Betto: Domínio do medo
Rio - A capital paulista está sob o domínio da violência e do medo. Chacinas e assassinatos se repetem a cada dia.
O número de homicídios na cidade de São Paulo cresceu 34% em 2012. Para cada 100 mil habitantes, a taxa de assassinatos foi de 12,02. Em supostos confrontos com a Polícia Militar, foram mortas 547 pessoas. Os casos de estupro subiram 24%; roubo de veículos, 10%; e latrocínio, 8%. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública, divulgados a 25 de janeiro.
A cidade mais rica do país tem 11 milhões de habitantes, dos quais 1,3 milhão mora em favelas. E 250 mil adolescentes, entre 15 e 19 anos, estão fora da escola; 181 mil jovens, de 15 a 24 anos, estão desempregados, e 98 mil crianças aguardam vagas em creches públicas.
O que esperar do futuro de jovens que não estudam nem trabalham? De que vivem? Como obtêm dinheiro? Como saciam seus anseios de consumo?
O combate à violência exige mudanças profundas em nossas instituições. Requer polícia bem preparada e bem paga, mais voltada à prevenção que à repressão.
Nossos governantes deveriam assumir metas para atacar as causas da criminalidade e da violência, como reduzir a desigualdade social e econômica; dotar a cidade de equipamentos e serviços públicos necessários para oferecer qualidade de vida digna a seus habitantes.
Cabe ao poder público desmontar redes de corrupção e criminalidade, identificar as lideranças dessas redes e combatê-las, desarticular os grupos de extermínio dentro das forças policiais. São medidas de curto prazo que devem ser tomadas, levando-se em conta a situação de guerra civil que se vive em São Paulo.
Escritor, autor do romance policial ‘Hotel Brasil: o mistério das cabeças degoladas’
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