Rio -  Após a tragédia em Santa Maria, no Sul do país, com mais de 230 mortes, praticamente todas as capitais brasileiras resolveram se mexer. Como sempre, é preciso perder vidas para que o Estado cumpra seu papel de fiscalizar, função essa que é um dos grandes problemas que temos, fruto do descaso, da ineficiência e, essencialmente, da corrupção presente em praticamente todas as esferas de poder.
Nesta semana, o prefeito Eduardo Paes firmou acordo com empresários da noite carioca para garantir a segurança das casas noturnas. Ficou decidido que o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio) estudará a criação de selo atestando a qualidade da segurança desse tipo de estabelecimento. Medida correta, mas que já deveria ser rotina e não uma resposta a um episódio catastrófico. Além do Rio, outros estados estão com ações rigorosas, como São Paulo e Minas.
No entanto, diante de tudo isso, valeria ainda uma reflexão por parte do governo federal quanto à pesada carga tributária para os empresários. Será que ela contribui para tragédias como essa? Afinal, para arcar com inúmeras taxas e impostos, o empresário vive constante dilema de estabelecer prioridades e, talvez, uma das coisas que fiquem comprometidas seja sua própria infraestrutura. Não é uma justificativa, mas, sim, um fato que merece atenção.
Enfim, fica a torcida para que essa onda de fiscalização não seja passageira, pois, infelizmente, estamos acostumados a reagir imediatamente, mas no momento seguinte tudo é esquecido e deixado de lado. Sofremos de um mal chamado descaso com a vida humana e, no Brasil, o cadeado só é colocado depois da porta já ter sido arrombada.
Marcos Espínola é advogado criminalista