Rio -  Nada marca mais as mudanças comportamentais neste mundo da era da internet do que a fofocada que envolveu o Papa Francisco. Especialmente da parte de não-católicos, que resolveram opinar sobre questões exclusivas da Igreja e de seus fiéis.
O pessoal de esquerda e os ‘avançadinhos’ parecem que sonhavam com a eleição de um Papa não católico, tal o absurdo das notícias que dominaram os jornais desde a eleição da semana passada. A tentativa de envolvê-lo com o regime militar argentino, via publicação de fotos suas com os presidentes da época, é da mais evidente baixaria. João Paulo II foi a Cuba e esteve com Fidel Castro, e não ocorreu a ninguém imaginar que pudesse estar de acordo com o ditador que aprisiona na ilha boa parte da população que sonha fugir de seu regime policial e do racionamento permanente de tudo. Foi lá em visita pastoral e obteve de Fidel, pelo menos por um ano, que os cubanos tivessem a Missa do Galo na noite de Natal. No caso de seu país, é bom lembrar que estranho seria se o religioso estivesse estimulando de alguma maneira os jovens que implantaram o terrorismo, com muitas mortes, em nome de uma revolução radical e comunista.
Os países do Cone Sul viveram anos de regimes autoritários implantados com forte apoio da sociedade, assustada com a agitação comunista entre 1960 e 1980. Foi mais ou menos o que aconteceu na Europa depois da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa de 1917, que fortaleceu os partidos comunistas em muitos países. Assim a Itália optou por eleger Mussolini e, depois, o apoiou quando ditador. General Franco, com ajuda da Igreja, venceu os comunistas na Espanha; a agitação em Portugal levou ao regime de Salazar; a escalada comunista na Alemanha gerou um monstro como Hitler.
No Brasil, em 1937, Getúlio Vargas teve de implantar uma ditadura por oito anos, depois que os comunistas tentaram tomar o poder em Recife, Natal e Rio, onde não faltaram cenas de covardes crimes, como o assassinato de oficiais que dormiam. Mas tudo isso é passado e as condições do mundo hoje são bem diferentes. As ameaças são outras.
Um pequeno grupo quer tirar vantagem deste revanchismo latino-americano. Os demais já estão achando este assunto mais que superado, pertence a história.
Jornalista